Instituição dá apoio «material, mas também ajuda a reencontrar a fé e a esperança»
Cidade do Vaticano, 18 ago 2022 (Ecclesia) – A Cáritas de Donetsk (Ucrânia) já ajudou mais de 60 mil pessoas desde o início da guerra, a 24 de fevereiro, e tenta criar um ambiente onde todos sintam respeitada a sua dignidade.
“É de partir o coração ver como as pessoas, após cerca de trinta dias passados em abrigos, pela primeira vez comem o pão chorando, pela primeira vez tomam um banho quente. É difícil acreditar que tudo isso esteja acontecendo no século XXI”, disse Mila Leonova, a responsável pela comunicação da Caritas Donetsk, citada pelo portal de notícia do Vaticano.
Após o início da guerra na Ucrânia, com a invasão da Rússia, os voluntários da Cáritas Donetsk começaram a trabalhar “incansavelmente” para atender as necessidades de milhares de pessoas que fugiam das “regiões atingidas pelo exército russo”, especialmente de Kharkiv, Luhansk e Donetsk, e já ajudaram mais de 60 mil pessoas.
Mila Leonova recorda que recebiam “muitas pessoas todos os dias”, que chegavam, por exemplo, “às quatro da manhã para uma fila que era muito longa”, por isso convidaram “especialistas em crises” para ajudar nesta situação.
“Para que cada um não se sentisse como ‘deslocado’, mas como uma pessoa que veio pedir ajuda e recebe-a. Para nós é muito importante não dar apenas algo material, mas também ajudá-los a reencontrar fé e a esperança”, acrescentou.
A Cáritas Donetsk tem a sede em Dnipro, uma cidade que se tornou uma espécie de centro de acolhimento de deslocados, “cerca de 300 mil refugiados chegaram à região e mais de 100.000 na própria cidade”.
“Esses são números oficiais, acho que os reais são o dobro”, referiu Mila Leonova.
Segundo a responsável pela comunicação da Caritas Donetsk, atualmente exista uma terceira onda de deslocados, que são pessoas com mais de 70 anos, com baixos rendimentos, habituados a viver “em torno da sua casa ou do bairro”, e não tinham vontade de sair, mas “foram retirados pelos voluntários”.
“Sentem-se frágeis, desorientados, têm dificuldade de socializar”, explicou.
Neste contexto, recorda que as primeiras pessoas a chegar a Dnipro foi quem tinha “maiores possibilidades financeiras”, e a segunda vaga era formada por quem hesitou em fugir e viveu “nos abrigos, sob os bombardeamentos, cerca de um mês”.
“Eles chegam em condições terríveis. Aqui temos um abrigo onde acolhemos refugiados entre um a cinco dias: Oferecemos primeiros socorros, a oportunidade de descansar e decidir o que querem fazer. Ajudamos a reencontrar um pouco sua força espiritual para seguir em frente”, desenvolveu a responsável de comunicação.
A Cáritas Donetsk mudou a sua sede para a cidade de Dnipro, capital da região de Dnipropetrovsk, há oito anos, na sequência do início do conflito na região do Donbass, em 2014, mas, desde fevereiro deste ano, a cidade não é segura e tiveram de deslocar “escritórios para outras cidades, como Severodonetsk e Rubizhne (região de Luhansk)”.
A nível pessoal, Mila Leonova recorda que nos primeiros dias da invasão foi “difícil decidir se partia ou ficava”, “preocupada” com a segurança do filho de cinco anos, e o apoio que era preciso dar “à quantidade de pessoas que vinham para o Dnipro” e precisavam da ajuda da Cáritas, divulga o portal ‘Vatican News’.
CB/OC