Ucrânia: Cáritas alerta para «crise humana» causada pela guerra

Organização denuncia bombardeamentos aleatórios sobre populações civis e alerta para milhares de pessoas sem água nem eletricidade

Lisboa, 07 fev 2017 (Ecclesia) – A Cáritas Internationalis diz que está iminente uma “crise humana” na Ucrânia, devido à guerra que já dura há três anos naquele território de Leste.

Num comunicado publicado na sua página online, a organização católica lamenta os “acordos de cessar-fogo falhados” e os bombardeamentos aleatórios sobre populações civis que tem tirado a vida a muitas pessoas e deixado localidades inteiras completamente isoladas e entregues à sua sorte.

De acordo com a mesma fonte, a situação pior verifica-se na localidade de Avdiivka, na parte oriental do país, onde os combates deixaram pelo menos 25 mil pessoas sem água nem eletricidade, isto em pleno inverno e com temperaturas de “17 graus negativos”.

A Cáritas ucraniana já enviou para a região uma equipa de emergência que distribuiu “pacotes com alimentos a cerca de mil famílias”, mas esta ajuda só permitirá às pessoas aguentarem “duas ou três semanas”.

Nos próximos dias, está prevista a distribuição de “mais mil pacotes” do género, acompanhados de apoio monetário, mas o “medo” está instalado.

“As pessoas estão muito assustadas, receiam os bombardeamentos e temem ainda mais os períodos em que nada acontece, porque não sabem o que se vai passar a seguir e como é que vão sobreviver”, explica o responsável pelo setor dos Projetos Humanitários da Cáritas Ucrânia.

Hryhoriy Seleshchuk refere ainda que, apesar de estar a ser preparado um plano de evacuação de emergência, “muitas pessoas estão relutantes em deixar as suas casas”.

“Elas dizem que se sentem muito mais seguras nas suas caves do que em qualquer outro sítio, e sabem que pelo menos 19 pessoas foram mortas pelos bombardeamentos enquanto fugiam ou que outras perderam os empregos depois de recolocadas. Esta situação é muito difícil”, realça aquele responsável.

No apoio prestado pela equipa de emergência da Cáritas em Avdiivka está ainda incluída ajuda médica e psicológica às comunidades, bem como a distribuição de roupa quente e de sacos-cama, de kits de emergência médica, de combustível e de velas.

Mais de um terço da população daquela cidade são pessoas reformadas e já de idade que precisam de ajuda redobrada por parte da organização católica.

Hryhoriy Seleshchuk dá como exemplo “uma senhora idosa que estava muito, muito nervosa porque estava sozinha e receava que ninguém iria em seu auxílio”.

A Cáritas alerta também para a situação das cerca de duas mil crianças que vivem em Avdiivka, e para a elevada taxa de jovens órfãos e de pessoas com deficiência que estão naquele território, cujas necessidades têm de ser tidas em conta.

Uma questão que a organização está a trabalhar “em cooperação com outras instituições humanitárias”, pode ler-se.

Pelo menos 10 mil pessoas já morreram devido ao conflito na Ucrânia, que começou em 2014 quando tropas russas invadiram a Crimeia com o objetivo de passar aquela península para o controlo de Moscovo e grupos rebeldes favoráveis ao regime de Putin lançaram uma ofensiva no leste da Ucrânia.

JCP

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