Ucrânia: Caminhada pela paz e contra a indiferença quer juntar crentes e não-crentes rumo ao Santuário de Fátima

Iniciativa «transversal» e «simbólica» quer afirmar importância do diálogo e do silêncio num caminho de pacificação

Foto Agência ECCLESIA

Porto, 04 abr 2022 (Ecclesia) – O padre Almiro Mendes, da Diocese do Porto, lidera a organização de uma caminhada que vai unir o Santuário de Nossa Senhora da Ortiga ao Santuário de Fátima para afirmar o desejo pela paz na Ucrânia.

“A paz é sempre um caminho, que tem de ser percorrido, falando e fazendo silêncio para se ouvir o outro, e queremos que os passos que damos do Santuário de Nossa Senhora de Urtiga até ao Santuário Nossa Senhora de Fátima sejam passos que os poderosos também devem dar para encontrar soluções para a paz. É um imperativo”, explicou o pároco de Canidelo e da Afurada, em Vila Nova de Gaia, à Agência ECCLESIA.

O responsável acrescenta uma outra luta, para além da manifestação contra a guerra: “a indiferença”.

“É preciso fazer notar outra guerra, que é a indiferença: as pessoas comiseram-se pelo que está a acontecer na Ucrânia – as ultimas imagens de inocentes vítimas são brutais – mas se ficarmos parados, indiferentes, é pior que uma pandemia”, indica.

A caminhada marcada para o dia 15 de abril, Sexta-feira Santa, entre as 09h30 e as 13h00, vai ser estender-se ao longo de sete quilómetros e vai ser pontuada por “cânticos e pela leitura performativa de textos poéticos”, pode ler-se num comunicado enviado hoje à Agência ECCLESIA.

A iniciativa apresenta-se como “transversal” a sociedade, querendo unir pessoas crentes e não-crentes, crianças, jovens e adultos, cidadãos da Ucrânia e portugueses, provenientes de diversas áreas, “da cultura, à televisão, pessoas que não sabem ler ou escrever, a todos de boa vontade” que se queiram juntar e, mesmo que se forma simbólica, juntar os seus passos ao caminho pela paz.

“Deixar as coisas como estão e como sempre foram, é um exercício de estabilidade que empobrece o ser humano, e uma caminhada é não querer deixar as coisas como estão, é não querer ser estéril, é ousar gritar sem dizer muitas palavras; pormo-nos a caminho de um santuário ao outro, mas especialmente na consciência de pertença a uma terra que é de todos, a um planeta que temos de preservar. A guerra não é apenas contra os humanos, mas também contra o planeta. A guerra fere a ontologia do humano e do cosmos”, destaca o padre Almiro Mendes.

O responsãvel alude à importância do simbólico que, parecendo impotente, têm maior força do que as armas.

“Lembro, por exemplo, Timor-Leste: foi o quase nada que os portugueses, parece que estavam a fazer, e conseguiu-se mobilizar o mundo; lembro também quando foi o colocar bandeira portuguesas à janela, para acompanhar a Seleção de futebol, e mobilizou uma energia e capacidade acrescida. Os gestos simbólicos têm um poder muito grande”, aponta.

O convite, sublinha o sacerdote, é dirigido a todos, porque, explica, “o que importa é a construção do humano bom”.

“A guerra é sempre a negação do humano bom, a expressão da nossa indignidade. Queremos que seja uma iniciativa, sendo singela, que tenha a capacidade de gritar esta brutalidade que a guerra é”, finaliza.

A organização explica não ser necessária uma inscrição mas pede que os participantes podem ter vestido uma peça de roupa branca, símbolo da paz.

LS

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