D. Edgar Peña Parra apresentou reflexão na UCP, em Lisboa
Lisboa, 11 mai 2022 (Ecclesia) – O substituto da Secretaria de Estado da Santa Sé apresentou hoje a conferência ‘A Sinodalidade na vida da Igreja’, lembrando que “não é nova” e que o Papa define-a como “dimensão constitutiva da Igreja”, na Universidade Católica Portuguesa, em Lisboa.
“A sinodalidade não é nova na vida da Igreja. A partir do Concílio Vaticano II o conceito de sinodalidade matura nas experiências das igrejas particulares e da Igreja Universal”, disse D. Edgar Peña Parra, na iniciativa promovida pelo Instituto Superior de Direito Canónico (ISDC) da UCP.
O substituto da Secretaria de Estado da Santa Sé explicou que o termo ‘sinodalidade’, “que é um substantivo recém-criado e o correspondente adjetivo ‘sinodal’, ambos que derivam da palavra sínodo, entraram já no uso quotidiano” e demonstram “o quanto a sinodalidade esteja no coração do renovamento promovido pelo Concílio Vaticano II”.
“O caminho da sinodalidade é o caminho que Deus espera da Igreja no terceiro milénio”, afirmou.
‘Sinodalidade e comunhão no magistério do Papa Francisco: uma leitura à luz do Direito Canónico’ foi o tema apresentado pela terceira figura da Santa Sé, depois do Papa e do secretário de Estado, D. Pietro Parolin, no Auditório Cardeal Medeiros, na sede da Universidade Católica Portuguesa em Lisboa.
“O Papa define a sinodalidade como dimensão constitutiva da Igreja. Se a Igreja é um contínuo caminhar em conjunto, dentro dela ninguém pode ser elevado acima dos outros. Pelo contrário, na Igreja é necessário que alguém se baixe pondo-se ao serviço dos irmãos”, desenvolveu.
O arcebispo venezuelano salientou que Francisco deu “novos e importantes impulsos à perspectiva da sinodalidade na Igreja”, e alguns autores referem-se “a uma sinodalidade no tempo de Francisco”.
“Ele pretendia fazer a perspectiva de uma sinodalidade Igreja um ponto de força de seu pontificado”, observou.
Numa primeira parte da conferência, D. Edgar Peña Parra apresentou a temática da sinodalidade a partir de documentos e mensagens/discursos do Papa, centrando-se depois no contexto do Direito Canónico.
O substituto da Secretaria de Estado da Santa Sé destacou a importância do discurso de Francisco no cinquentenário da instituição do Sínodo dos Bispos, a 17 de outubro de 2015, e disse que o sínodo sobre a família (2014 e 2015) e a respetiva exortação apostólica ‘Amoris Lætitia’ “podem ser considerados uma prova de sinodalidade vivida”.
Neste contexto, o primeiro documento do Papa relevante sobre sinodalidade é a exortação apostólica ‘Evangelii Gaudium’, que “ainda não se refere explicitamente ao conceito de sinodalidade”, mas tem “dois princípios fundamentais” para a elaboração deste conceito”: O “princípio missionário” e o princípio da “descentralização”.
Com esta conferência, o Instituto Superior de Direito Canónico da UCP quis dar “um contributo para a reflexão da sinodalidade”.
À Agência ECCLESIA, o diretor do instituto destacou que “sinodalidade é uma marca do Direito Canónico”, cintando o conferencista e lembrou que foi citado um dos cânones que diz que “os fiéis têm o dever e até o direito de manifestar as suas opiniões aos pastores da Igreja para juntos caminharmos”.
“Foi uma boa reflexão para aprofundarmos em que é que o Direito Canónico pode ajudar a viver este processo sinodal que o Santo Padre pede a toda a Igreja”, acrescentou o padre João Vergamota.
Neste sentido, adiantou que o projeto do Instituto Superior de Direito Canónico é que nas várias disciplinas “se possa sempre aprofundar esta dimensão para proporcionar aos alunos instrumentos para refletir sobre este tema” e na Revista Direito Canónico “começar a sublinhar mais este aspeto e reflexão”, “um contributo académico mas que possa descer à prática, à vida concreta de cada paróquia, de cada pessoa, de cada comunidade”.
No contexto da sinodalidade, a reitora da Universidade Católica Portuguesa que as estruturas da UCP têm participado na auscultação sinodal “através das estruturas das paróquias” mas, agora, por solicitação específica da organização do sínodo e através da relação com a Federação Internacional das Universidade Católicas, “as universidades estão a ser convocadas como entidades de conhecimento e produção para refletirem sobre questões particulares que a organização do sínodo nos vai enviar”.
“Vamos não apenas na lógica de uma organização paroquial, enquanto católicos, mas dentro enquanto organização de produção de conhecimento vamos responder e participar na auscultação específica para responder a questões particulares que nos vão ser colocadas. É um conjunto de universidades católicas, e entre as quais a Universidade Católica Portuguesa, e que vai elaborar estudos específicos para o sínodo”, desenvolveu Isabel Capeloa Gil, em declarações à Agência ECCLESIA.
D. Edgar Peña Parra está em Portugal para presidir à Peregrinação Internacional Aniversária de 13 de Maio ao Santuário de Fátima, a partir desta quinta-feira, na Cova da Iria.
No início da conferência partilhou que chegou a Lisboa “como um peregrino” e vai “rezar” diante da Virgem de Fátima, como já o tinha feito quando foi nomeado núncio apostólico em Moçambique, funções que desempenhou entre 2015 e 2018.
CB/PR