UCP: «A Paixão como forma musical está inscrita no coração do século XX» – Alfredo Teixeira

Jornada de Estudos Bíblicos decorre na Faculdade de Teologia

Lisboa, 02 mar 2018 (Ecclesia) – A Paixão de Cristo tem sido no tempo também uma experiência de criação musical, defende o antropólogo Alfredo Teixeira, para quem a “Paixão como forma musical, está inscrita no coração do século XX”.

O investigador foi um dos intervenientes na jornada de Estudos Bíblicos promovidos pela Faculdade de Teologia, a decorrer em Lisboa, e que se centraram no tema ‘As narrativas da Paixão’.

Ao falar da Paixão como audição teológica, Alfredo Teixeira reconheceu que o século XX foi uma época marca pela experiência do conflito, do exílio e dos refugiados.

Uma época histórica, com a experiência traumática das duas Guerras Mundiais, que leva o Instituto de Estudos de Religião da UCP a reconhecer que a cultura europeia trouxe o cuidado da vítima como “algo central na sua cultura”.

Este enquadramento cultural leva os compositores do século XX a ver na narrativa da Paixão, “uma capacitação desse valor que é o trazer para o centro da cultura o olhar da própria vítima sobre a história”, salienta Alfredo Teixeira.

Para o professor universitário e antropólogo “a música é um veículo que permite continuar a dar pertinência pública e intelectual à mensagem cristã”.

“Esta capacidade do texto, da memória cristã das suas narrativas, saírem de dentro das próprias igrejas, é hoje um desafio interessante e as artes são um laboratório ideal para isso” reconheceu Alfredo Teixeira.

Já frei Isidro Lamelas regressou à época dos “Padres da Igreja”, autores do cristianismo primitivo, para lembrar que no contexto dos primeiros cristãos, “a Paixão não é um tema” e só ganha relevo enquadrada no Mistério Pascal e na Ressurreição.

O especialista lembra que “até ao século terceiro não havia outra festa no cristianismo”, o que revela a intensão pedagógica de “ajudar os cristãos a entender que o Mistério Pascal é a grande celebração que dá sentido à fé e ao existir cristão”.

A biblista Luísa Almendra quis ler a Paixão à luz do Antigo Testamento e partiu da figura de Job, “muito associada à figura de Jesus”.

“À realidade de um sofrimento inocente em Job sucede-se o amor desmedido da Paixão de Cristo” considera a docente da Faculdade de Teologia.

Esta jornada de teologia bíblica foi o momento conclusivo de um curso que decorreu durante o mês de fevereiro e que, em três momentos, abordou as tradições paulina, sinótica e joanina.

O diretor da Faculdade de Teologia reconheceu que o curso teve uma grande adesão, apesar dos módulos decorrerem ao longo de um dia inteiro e durante a semana.

“Conheço pessoas que retiraram este dia às suas férias, outras que evocaram formação para poderem estar presentes” disse o padre João Lourenço à Agência ECCLESIA.

A Faculdade de Teologia vai continuar a incluir na sua oferta formativa, cursos com estas características.

“Gostamos que as pessoas venham à Faculdade beber um pouco do ambiente e respirar o saber que por aqui procuramos cultivar e que tem sempre uma orientação: o serviço ao povo de Deus” conclui o responsável.

HM/OC

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