Turistas procuram Museu de Arte Sacra inaugurado em Seia

O Museu de Arte Sacra de Alvoco da Serra, no concelho de Seia, instalado nas capelas de Santo António e de S. Pedro, está a ser visitado por turistas que se deslocam à aldeia, e à Serra da Estrela, e pernoitam nas casas de turismo rural da freguesia. O cicerone, costuma ser João Belarmino, o sacristão da paróquia, que encaminha os visitantes, abre as portas das duas capelas onde está exposto o espólio religioso e explica, primorosamente, a importância e a proveniência de cada peça. Em ambos os espaços estão quatro peças valiosíssimas já reconhecidas pela Delegação Regional de Castelo Branco do Instituto Português do Património Arquitectónico (IPPAR), como Património Artístico Nacional. São elas um retábulo do séc. XV, recentemente recuperado, que apresenta S. Pedro, no painel esquerdo, e S. Paulo, no lado direito; um sacrário da autoria de João de Ruão datado do séc. XVI; uma imagem de Nossa Senhora do Rosário (séc. XV) e outra do Espírito Santo (sécs. XV/XVI). (O Museu de Arte Sacra possui uma página na Internet com o endereço www.museualvocodaserra.com). Imagens de santos e de santas (Santa Catarina, Santo António, São Pedro, S. Joaquim, entre outros), imagens e uma tela com Nossa Senhora, um crucifixo de marfim, paramentos, uma bandeira das almas, um cálice, missais, um dossel portátil e uma âmbula em estanho, são outras das peças que os visitantes podem ver. “De vez em quando aparecem pessoas que vêm para as casas de turismo rural e pedem-me para ver o Museu de Arte Sacra e eu venho e abro a porta”, explicou João Belarmino ao Jornal A Guarda. “Eles gostam e às vezes até questionam o facto de algumas imagens serem muito grandes e feitas em pedra [pedra de ança]. Ficam admirados como é que antigamente traziam as imagens tão grandes, por exemplo de Coimbra, sem haver transportes nem estradas como temos agora”, referiu. Uma das imagens que mais “impressiona” os visitadores é a de São Pedro que mede 1 metro e 10 centímetros de altura, adiantou o mesmo habitante. A direcção do Museu, cujo grande impulsionador foi Fernando Moura, natural da aldeia mas residente em Lisboa, tem em marcha uma campanha de angariação de fundos para que a capela de S. Pedro possa ser recuperada e albergar muito do espólio que actualmente se encontra na capela de Santo António. Tal empreitada será concretizada tendo em conta que a capela de S. Pedro tem servido de capela mortuária mas, recentemente, foi construída uma Casa Mortuária junto da Igreja Matriz. João Belarmino fala da necessidade da realização de obras e reconhece que o espaço museológico devia ser “melhor instalado”. Este homem que é o sacristão da paróquia há já 49 anos lamenta que “a malta nova tenha abalado” da terra e que “só tenham ficado os velhos”. “Houve tempos em que se fizeram mais de 40 baptizados e agora passam-se anos em que não temos nenhum”, apontou, recordando que no ano longínquo de 1913 “foram feitos 57 baptizados”. Na actualidade, a realidade é bem diferente. Os mais novos partiram para outras paragens à procura de melhor vida. “Tenho sete filhos, todos têm o seu curso universitário, e não está cá nenhum a viver”, disse, angustiado. Ao seu lado, outro habitante de Alvoco da Serra lembrava que “na década de 1920, 30 e 40, quinze mulheres da terra deram 178 filhos”. “Agora passam-se anos e anos que não nasce uma criança”, atirava o mesmo habitante, filho de um casal que teve 17 filhos. A freguesia de Alvoco da Serra situa-se a 28 quilómetros da cidade de Seia, e também, integra as localidades de Aguincho, Outeiro da Vinha, Vasco Esteves de Baixo e Vasco Esteves de Cima.

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