Trabalho: Portugal dispensa mais reformas laborais como as da última década, diz Liga Operária Católica

Cristãos deverão encarar a possibilidade de só terem um emprego

Sesimbra, Setúbal, 09 jun 2012 (Ecclesia) – A coordenadora nacional da Liga Operária Católica afirmou hoje que Portugal dispensa mais reestruturações na legislação do trabalho como as implementadas nos últimos anos e sublinhou que os cristãos não devem ter mais do que um emprego.

“Todas as alterações nas reformas laborais realizadas na última década, que os governantes diziam ser muito necessárias, só têm permitido o crescimento da precariedade e do desemprego. O trabalho não precisa de mais reformas destas”, declarou Fátima Almeida à Agência ECCLESIA.

Perante a automatização de muitas tarefas antes desempenhadas manualmente, as reformas laborais deveriam “proporcionar menos horas de trabalho e mais tempo para a qualificação profissional e realização pessoal”.

O que tem acontecido é o “aumento do horário de trabalho, a pressão e a competitividade laborais”, a par de uma “precariedade e de uma taxa de desemprego nunca vistas em Portugal nestas décadas”, apontou a responsável.

A dirigente da Liga Operária Católica/Movimento de Trabalhadores Cristãos (LOC/MTC) denunciou a existência de “pessoas com dois e três empregos, às vezes sem terem necessidade económica”.

“O desafio para cada cidadão, e em particular para todos os que vivem e se alimentam da fé cristã, é de que possivelmente não podem ter mais do que um emprego”, referiu Fátima Almeida.

A LOC/MTC conclui no domingo, em Sesimbra, o seminário internacional ‘Pelo Direito ao Trabalho Digno para Todos – Desafios e propostas para combater o desemprego estruturante e apoiar a inclusão dos trabalhadores no trabalho’.

“Se não acreditarmos que devem haver empregos dignos entraremos num sistema selvagem onde não se cumprem regras. O modelo social europeu aponta para o acesso de todos a um trabalho remunerado e valorizado, pelo que temos de nos esforçar para que este objetivo seja possível”, justificou.

A responsável disse ainda que “o aumento do desemprego está ligado ao empobrecimento”, fenómeno que “coloca em causa” o sistema democrático português, dado que “nenhuma sociedade será totalmente livre e democrática se não tiver projetos de desenvolvimento equitativos e inclusivos”.

A coordenadora nacional manifestou-se ainda sobre a redução de 90% da Taxa Social Única até ao máximo de 175 euros que vai ser concedida às empresas que contratem, a termo, jovens desempregados de longa duração”, medida anunciada pelo Governo na quarta-feira.

Fátima Almeida apoia a decisão mas alerta para a necessidade de “fiscalização” para impedir que a admissão dos jovens não seja acompanhada pelo despedimento dos trabalhadores mais velhos e com estabilidade laboral, tendo apenas como objetivo a diminuição de custos.

O seminário, que começou na quinta-feira, conta com a presença de 70 pessoas, incluindo delegações de organismos congéneres da LOC/MTC provenientes da Espanha, Alemanha e República Checa.

RJM

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