Timor-Leste: Uma história de «coragem cívica» e «fé com consequência»

Homenagem a D. Carlos Ximenes Belo na Universidade Católica Portuguesa motivou debate centrado na atualidade

Lisboa, 03 mar 2017 (Ecclesia) – A independência de Timor-Leste, alcançada há 15 anos, foi hoje recordada na Universidade Católica Portuguesa como um exemplo para os tempos atuais, em termos de “construção de uma nação e de luta pela autodeterminação”.

Durante uma conferência integrada na homenagem ao bispo timorense D. Carlos Ximenes Belo, Prémio Nobel da Paz em 1996 pela sua intervenção na defesa do seu povo durante a ocupação indonésia, Rui Marques enalteceu a “história de um povo pequeno, que perante um gigante conseguiu assumir o seu destino”.

O atual presidente da Plataforma de Apoio aos Refugiados, foi um dos impulsionadores da ‘Missão Paz Timor’, na sequência do massacre de Santa Cruz, em 1992.

Essa iniciativa, que pretendia chamar a atenção internacional para o drama do povo timorense, só seria concretizada mais tarde, mas Rui Marques conseguiria estar presente na “noite da independência”, a 19 de maio de 2002.

Ocasião em que se celebrou “uma vitória feita de pessoas anónimas mas também de figuras como D. Carlos Ximenes Belo, um exemplo de coragem cívica, de uma fé com consequências, que as novas gerações devem seguir”, apontou Rui Marques

Outro dos intervenientes da ‘mesa’ de debate, o professor Gonçalo Saraiva Matias, enalteceu a importância de “uma resistência sem recurso ao terrorismo”.

Algo que “deve servir de paradigma para muitos países”, considerou o docente da Faculdade de Direito da UCP, que defendeu depois Timor-Leste como um caso de estudo, em direito internacional, no processo de “construção de um Estado e no exercício da autodeterminação”.

Gonçalo Saraiva Matias recordou a forma como, mais recentemente, Timor-Leste tem lidado com o processo de delimitação do Mar territorial, uma questão que envolve um território muito rico, em petróleo e outros recursos.

Além de ter conseguido abrir caminho a uma negociação mais favorável com a Austrália, “Timor teve a inteligência e a humildade de colocar estes recursos num fundo à disposição do desenvolvimento do povo timorense”, frisou o especialista.

D. Duarte Pio de Bragança, que impulsionou a campanha ‘Timor 87 Vamos ajudar’, enalteceu por sua vez um povo que se destacou na “luta pela liberdade” e “em espírito cristão”.

Aquele responsável alertou para a necessidade de Portugal ajudar a “preservar” uma cultura estreitamente ligada ao nosso país, mas onde o idioma de Camões “corre hoje o risco de ser uma língua oficial pouco falada”.

O professor Jorge Miranda, que contribuiu para a elaboração da primeira Constituição de Timor-Leste, foi outra das figuras presentes na sessão de homenagem a D. Carlos Ximenes Belo, na Universidade Católica Portuguesa.

O constitucionalista defendeu a criação de cursos de direito comparado, que estreitem a relação jurídica entre Portugal e Timor, tendo mesmo lançado esse “desafio” à Faculdade de Direito da UCP.

JCP

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