Timor-Leste: Multidão acorreu a Taci Tolu para celebração central da visita do Papa

Francisco presidiu a Missa para mais de meio milhão de pessoas, assumindo admiração pelo povo timorense

Taci Tolu, Timor-Leste, 10 set 2024 (Ecclesia) – O Papa presidiu hoje à Missa na esplanada de Taci Tolu, com a participação de mais de meio milhão de pessoas, que convidou a cuidar das crianças e a construir o futuro de um “país jovem”.

“Um povo que ensina os seus filhos a sorrir é um povo com futuro”, referiu, numa saudação improvisada, no final da Eucaristia.

Francisco quis tomar a palavra, para dizer que “o melhor de Timor é o seu povo”.

“Não deixo de pensar nas pessoas, à beira da estrada, com as crianças. São tantos os filhos que têm! E o melhor que esse povo tem é o sorriso das suas crianças”, acrescentou.

Francisco aludiu à presença de “crocodilos”, para pedir, simbolicamente, “atenção aos crocodilos que querem manter a cultura, a história” do país.

“Desejo-lhes a paz, que continuem a ter muitos filhos. Que o sorriso deste povo sejam as suas crianças”; acrescentou.

O Papa falou ainda dos mais velhos, “a memória desta terra”, agradecendo a todos pela sua “caridade e fé”.

“Sigam em frente, com esperança”, apelou.

Francisco celebrou no mesmo local que acolheu a Missa presidida por São João Paulo II, a 12 de outubro de 1989, ainda sob ocupação indonésia; em memória desta visita, o governo timorense ergueu uma capela e uma estátua de 6 metros de altura do Papa polaco.

“Dar espaço aos mais pequenos, acolhê-los, cuidar deles, e fazermo-nos pequenos diante de Deus e diante uns dos outros, são precisamente as atitudes que nos abrem à ação do Senhor”, disse, na homilia da celebração.

Situado a cerca de 10 quilómetros de Díli, Este é também o local foi decretada a restauração da independência de Timor-Leste, a 20 de maio de 2002.

Francisco chegou diretamente ao altar, onde assistiu a uma dança tradicional de boas-vindas, antes de cumprimentar várias pessoas que lhes foram apresentadas pelo primeiro-ministro, Xanana Gusmão.

A multidão acorreu ao local desde as primeiras horas da manhã, enfrentando o calor eu se faz sentir – muitas pessoas têm um guarda-sol com as cores do Vaticano, amarelo e branco.

A homilia partiu do nascimento de Jesus, que na fragilidade de uma criança “traz consigo uma mensagem tão forte que toca até as almas mais endurecidas”.

“Timor-Leste é bonito porque tem muitas crianças: sois um país jovem onde por todo o lado se sente a vida a pulsar, a desabrochar. E isso é um grande dom: a presença de tantos jovens e crianças renova constantemente a frescura, a energia, a alegria e o entusiasmo do vosso povo”, disse o Papa.

Em Cristo, o próprio Deus se fez homem, criança, para estar perto de nós e nos salvar. O convite, portanto, diante deste mistério, não é apenas para nos maravilharmos e comovermos, mas é também para nos abrirmos ao amor do Pai e nos deixarmos moldar por Ele, para que possa curar as nossas feridas, recompor os nossos desentendimentos, pôr ordem na nossa existência, até se tornar, em todos os sentidos, o fundamento da nossa vida pessoal e comunitária”.

O Papa defendeu a necessidade de se fazer “pequenos diante de Deus e uns dos outros”, abdicando de algumas coisas “para que um irmão ou uma irmã possa estar melhor e ser feliz”.

A homilia usou como símbolos dois adornos tradicionais de Timor-Leste, o Kaibauk e o Belak, para falar da “força e ternura do Pai e da Mãe”.

“O primeiro simboliza os cornos do búfalo e a luz do sol, e é colocado no alto, adornando a fronte, bem como no topo das casas, com o formato dos telhados. Fala de força, energia e calor, e pode representar o poder de Deus que dá vida”, indicou Francisco.

“O segundo, o Belak, coloca-se sobre o peito e é complementar do primeiro. Recorda o brilho delicado da lua, que à noite reflete humildemente a luz do sol, envolvendo tudo numa suave fluorescência”, acrescentou, falando em espanhol, com a ajuda de um sacerdote, que traduziu para tétum.

A homilia concluiu-se com votos de que cada participante, “enquanto Igreja e sociedade, peça a sabedoria de refletir no mundo a luz forte e terna do Deus de amor”.

A Missa votiva da Santíssima Virgem Maria Rainha foi celebrada em português, tétum e outras seis línguas locais – macassai, mambai, búnaque, galóli, baiqueno e fataluco.

“Pelo nosso país: para que, vivendo com alegria a fé na nossa cultura, possamos construir uma sociedade baseada na justiça e na fraternidade”, rezaram os participantes.

A viagem mais longa do pontificado, iniciada a 2 de setembro, inclui 44 horas e mais de 32 mil quilómetros de voo, entre Indonésia, Papua-Nova Guiné, Timor-Leste e Singapura, onde a 45ª visita apostólica do Papa se encerra, a 13 de setembro.

Timor-Leste, com mais de 95% de católicos na sua população, é um dos únicos países asiáticos onde a Igreja Católica é maioritária, juntamente com as Filipinas; a Igreja timorense tem três dioceses: Díli, Baucau e Maliana.

Em 2019, o Papa decidiu criar a província eclesiástica de Díli, em Timor-Leste, nomeando D. Virgílio do Carmo da Silva como primeiro arcebispo metropolita do território.

Bento XVI tinha determinado a criação da Diocese de Maliana, no início de 2010, e a instituição da Conferência Episcopal Timorense, em 2011.

OC

Notícia atualizada às 10h30

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Agência ECCLESIA

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