Timor-Leste: Missionária portuguesa afirma que receber o Papa significa «dar esperança ao povo», num país onde «ainda existe muita fome»

Irmã Cristina Macrino pediria «oração» para o país asiático, «para que nunca perca a vontade de continuar a lutar por si, pela vida»

Foto: Equipa de Maliana (Irmã Cristina, primeira à esquerda – arquivo)

Lisboa, 03 jul 2023 (Ecclesia) – A religiosa Cristina Macrino, das Irmãs Reparadoras de Nossa Senhora de Fátima, é missionária em Timor-Leste, país onde “ainda existe muita fome”, a “água potável é escassa”, a “saúde fraca”, e que se prepara para receber o Papa Francisco.

“Ainda existe muita fome em Timor, as famílias passam muito mal em termos de alimentação. A base da alimentação é de facto o arroz, a hortaliça e pouco mais, por isso existe ainda muita tuberculose em Timor-Leste e muita gastroenterite nas crianças, ainda morrem muitas crianças com diarreias e vómitos”, disse a religiosa portuguesa à Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS).

“É um problema que estamos todos a tentar resolver, mas está longe, está muito longe de se alcançar uma solução, uma resolução para este problema da fome e das necessidades nutricionais em Timor-Leste”, acrescenta a irmã Cristina Macrino, indicando que a água potável “também é escassa”.

Na informação enviada à Agência ECCLESIA, esta quarta-feira, pelo secretariado português da AIS, a religiosa explica que a saúde, “uma preocupação” para o povo e para o Governo timorense, “é fraca porque a nutrição também é muito fraca”, as pessoas têm “poucos meios financeiros, passam dificuldades”, e o clima não ajuda, “faz muito calor e torna-se difícil”.

A irmã Cristina Macrino, enfermeira em missão em Bobonaro, desde 2012, é uma das responsáveis por um centro social que apoia diariamente cerca de 350 crianças com alimentação e atividades lúdicas, e trabalha numa clínica que apoio cerca de seis mil pessoas, para além de quem vive nas aldeias mais remotas.

As infraestruturas rodoviárias são outro “grande problema” neste país lusófono do sudeste asiático, com as estradas “ainda muito danificadas é difícil fazer grandes percursos”, “um grande problema em termos de desenvolvimento”.

O Papa Francisco vai visitar Timor-Leste, a capital Díli, de 9 a 11 de setembro, durante a viagem “mais longa do pontificado”, onde vai a quatro países – Indonésia, Papua Nova-Guiné, Timor-Leste e Singapura – de dois continentes – Ásia e à Oceânia – entre 2 e 13 de setembro.

Este é um país que está em desenvolvimento, um país humanamente rico na fé católica, um país rico na beleza natural, um povo acolhedor, tranquilo, capaz de dar uma alegria também ao Papa porque será muito bem recebido, com muito amor e muita alegria”.

Para a irmã Cristina Macrino o anúncio desta visita “foi uma notícia praticamente histórica”, receber o Papa Francisco significa principalmente “dar esperança ao povo”.

“É necessário trabalhar com esperança, trabalhar com amor, e trabalhar com essa certeza de que, todos juntos, podemos fazer um mundo melhor, todos juntos podemos fazer um Timor mais feliz, mais digno em cada casa, em cada família, em cada distrito, em cada aldeia, em cada município em geral”, desenvolve.

Se tivesse a possibilidade de estar pessoalmente com o Papa Francisco “seria uma emoção muito grande” para a religiosa portuguesa, que pediria para Timor-Leste “oração, que rezasse pelo povo de Timor, para que nunca perca a sua fé, nunca perca a esperança”.

“Nunca perca a vontade de continuar a lutar por si, pela vida, por um país com mais capacidade para dar futuro ao futuro povo de Timor. Não poderia pedir mais nada”, acrescentou.

A religiosa das Reparadoras de Nossa Senhora de Fátima está no bairro ‘Pipgala’, “que significa ‘cabrito assado’ na língua materna”, na aldeia de Memo, onde já começaram a “preparação para essa visita” e estão “numa grande ansiedade para viver este acontecimento de forma intensa, marcante, e com muita alegria”.

O secretário português da AIS destaca que a fundação pontifícia mantém um “contacto regular” com a Igreja em Timor-Leste e tem “apoiando dezenas de projetos” no país lusófono.

CB/OC 

 

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