Testemunhos de uma semana em Taizé

O grupo de Regueira de Pontes despediu-se este Domingo da comunidade ecuménica de Taizé. Foi debaixo de chuva, depois de uma semana com sol intenso, que o grupo viveu os últimos momentos de uma semana cheia de emoções.

“Idealmente gostaríamos que as pessoas aproveitem o mais possível, mas sabemos que cada um aproveita de forma individual”, centra o Pe. Vitor Mira à Agência ECCLESIA.

O responsável pelo grupo de Regueira de Pontes que no dia 25 de Julho iniciou uma viagem rumo a Taizé para uma semana de oração, reconhece que a comunidade ecuménica fala às pessoas consoante a sua idade e mediante o que elas próprias procuram.

“Para os mais novos foi uma primeira experiência marcada pelo convívio e pelo contacto com culturas e pessoas de outros países. Entre os mais velhos, a profundidade foi maior”, reconhece, indicando maior capacidade de acolhimento da proposta e de vivência da fé.

Mas os tempos de oração foram muito fortes e não deixaram ninguém indiferente. “Muitos que viajaram a Taizé não estão habituados a tempos tão longos de oração. Mesmo assim participaram e gostaram desses momentos”.

Esta experiência em Taizé contraria a ideia normal que “muitos jovens têm da fé”, indica o Pe. Vitor Mira. O sacerdote lamenta que se entenda a fé do ponto de vista “estritamente espiritual, onde apenas se reza. Taizé oferece uma experiência integrada onde a dimensão espiritual e humana se cruzam e completam muito bem”.

Enquanto sacerdote, o Pe. Vitor Mira salienta a importância da paragem. Da sua vivência pessoal o sacerdote elege “o tempo dedicado à oração, não só na igreja, mas também na reflexão bíblica onde pude partilhar com americanos, espanhóis, holandeses, belgas e franceses, de diferentes igrejas cristãs uma fé e uma forma de ser igreja”.

Os irmãos de Taizé querem desafiar os jovens a levar para as suas igrejas a experiência de fé e oração desta semana, pois, dizem, uma caminhada integrada só assim faz sentido. O sacerdote responsável pelo grupo de Regueira de Pontes confirma que este é um desafio que tem de ser acolhido por cada um, antes de se comprometer com algum grupo. Mas assinala a solicitação de momentos de oração futuros.

Levar a experiência para Portugal
O diálogo, o espírito de entre-ajuda e o amor são valores que Rita Neves, da diocese de Leria – Fátima vai levar de Taizé na viagem de regresso. Esta jovem elege as celebrações da fé como o mais marcante da semana. “Foi muito intenso”. Em Taizé encontrou uma forma diferente de rezar, mas também “uma forma muito simples de expressar a fé. Rezamos cantando e cantamos rezando”.[[i,e,404,Rita Neves]]

É a simplicidade e profundidade das orações que provocam tanta gente a encher a igreja da Reconciliação. “Com três orações diárias a igreja está sempre cheia de jovens e as pessoas continuam sempre a participar. É muito diferente do mundo cá fora onde as igrejas estão vazias e onde não se sente esta fé”.

Rita acredita ser possível levar o que viveu em Taizé para Leiria, “correndo o risco de sermos utópicos”. Realista, esta jovem operadora de turismo explica que “não podemos mudar o mundo mas temos, cada um, um papel importante na sociedade. Depois de uma semana em Taizé, acho que temos a responsabilidade de transmitir este espírito”.

Também Celine Pedro, com 22 anos, assume esta missão de partilha na sua paróquia e no grupo missionário Ondjoyetu. Uma estreante em Taizé, Celine dá conta de “uma semana cheia de surpresas”.[[i,e,398,Inês Pereira e Celine Pedro]]

“Ao longo da semana, senti o espírito de Deus ir entrando, um grande acolhimento e uma paz que faz sentir bem. Saio daqui com a alma cheia”, indica.

As orações são os momentos eleitos por esta jovem que ficava sempre mais tempo na igreja ou procurava o lago de Saint Etienne para profundar a sua reflexão. “Eu procurava um encontro comigo e com Deus e consegui-o”.

João Monteiro viajou para Taizé pela segunda vez com o objectivo de repetir as fortes experiências com a comunidade de irmãos e as orações “muito diferentes de Portugal”.

[[i,e,400,João Monteiro]]Este jovem de 18 anos vê com entusiasmo a necessidade de voltar a Portugal com tudo o que viveu nesta semana, partilhando a acolhendo os desafios dos irmãos de Taizé. Os cânticos, as fotografias, mas sobretudo o testemunho oral são formas seguras de se transmitir todas as fortes experiências da semana.

Dos grupos de reflexão João salienta a compreensão da Bíblia. “Por vezes ouvimos leituras, mas não as estamos a assimilar para a nossa vida”. Na partilha, ouvem-se outras “formas de vida, outras experiências que nos ajudam a compreender também a nossa”.

Também Clara Neves repetiu a experiência em Taizé. Esta jovem professora primária passou a Páscoa de 2004 na comunidade ecuménica, em França. Diz nunca ter sentido a Páscoa como aquela. “Senti verdadeiramente Deus”, afirma esta católica que no seu percurso de vida confirma as dúvidas da fé. “Quando vim, mudei a minha forma de estar. Nas orações, senti-me muito próxima de Deus”.

[[i,e,394,Clara Neves]] Foi atrás desta experiência de Clara voltou, cinco anos depois. “Quis de facto, vir à fonte, para voltar com força”. A segunda vez “perde em comparação com a primeira”. Mas Clara valoriza a repetição como mais uma experiência importante de fé.

Taizé antes da missão
Já Inês Pereira volta a Taizé pela oitava vez. Este ano seria obrigatória a sua viagem. Esta jovem fisioterapeuta prepara-se para, em Agosto, partir em missão para Angola durante um ano, para a diocese do Sumbe, através do grupo Ondjoyetu.

“Desde pequena sentia que devia dar mais de mim. O tempo foi tornando claro como devia ser essa doação. Fui percebendo que apenas um ou dois meses não fazia sentido, teria de dar mais. Daí a opção de ir por um ano”, conta.

Para esta fisioterapeuta, a missão é uma missa grande. “Vim beber a Taizé para pode dar. Sinto-me cheia porque acabei de beber da fonte e agora estou preparada para dar”.

“Taizé é uma fonte de fé e de espiritualidade que me enche de força para continuar o ano”. Na comunidade ecuménica Inês encontrou “uma fé incrível que vemos em todas as pessoas e nos irmãos, que é possível ter presente ao longo da nossa vida”.

Pelo oitavo ano em Taizé, esta jovem recorda que inicialmente são os jovens que marcam. Mas anos depois, “a espiritualidade é mais forte”. Uma grande paz interior é o que esta jovem encontra cada vez que vai à comunidade no Sul de França.

Em Portugal Inês diz que é possível parar também. “Mas a intensidade é diferente. A ajuda em Taizé vem de pessoas especializadas”. A forma como as pessoas estão em Taizé torna tudo possível. “Os irmãos falam de amor e as pessoas passam a viver com amor. As pessoas sãos as mesmas, dentro e fora de Taizé, nada muda, apenas a forma como estão e isso faz a diferença”.

Rui Seabra tem ao peito uma cruz por cada vez que foi a Taizé. Este ano comprou a terceira para recordar a aventura de ir sozinho, essa sim pela primeira vez, à comunidade ecuménica. “Sinto necessidade de vir beber desta fonte que Taizé transmite a cada um”.[[i,e,405,Rui Seabra]]

Este jovem com 20 anos, natural do Porto, partilhou muitos momentos com o grupo de Regueira de Pontes, mas não se perdia no espaço. “Não importa vir sozinho, porque em Taizé nunca estamos sozinhos. No meu quarto tenho dois austríacos, um belga e um inglês e damo-nos todos muito bem. O acolhimento é fantástico”.

Rui é dos primeiros a entrar na igreja da Reconciliação para cada oração. Procura sempre um lugar onde possa estar de frente para os irmãos que lhe transmitem uma grande força e testemunho de fé. As palavras faltam-lhe para descrever a sua participação nas orações. “Taizé é um micro mundo. Aqui tudo está em harmonia, quer as orações como todos os outras rotinas diárias”.

A primeira vez que viajou para Taizé recorda ter sido “muito forte”. Sempre que volta “a emoção fica à flor da pele”.

 “Aqui as pessoas param, pensam na sua vida, no que fizeram bem ou mal. Depois de uma conversa com Deus, recomeçam a sua caminhada. Sempre que saio daqui, levo uma paz interior muito grande e uma reconciliação grande com Deus”.

Rui vai ficar até Quarta-feira em Taizé e ajudar a receber os cerca de 250 portugueses que este fim-de-semana chegaram a Taizé à procura da fonte. Os últimos momentos na comunidade ecuménica em França deixavam saudade e a promessa do regresso num futuro próximo.

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