«Terras sem Sombra»: Diretor-geral destaca «ato de resistência cultural» e afirmação do Baixo Alentejo

Evento alia música, biodiversidade e valorização dos monumentos

 Lisboa, 18 nov 2015 (Ecclesia) – O diretor-geral do Festival Terras Sem Sombra disse hoje que este evento cultural e de preservação da biodiversidade se representa um ato de “resistência cultural e afirmação do Baixo Alentejo”.

“[O festival] revindica a sua identidade mas também a quer projetar e num momento em que música sacra tem muito que trazer à nossa Europa, espiritualidade, cultura, o território, a própria conservação da natureza são realidades muito importantes nesta lógica da inclusão social, religiosa e cultural”, explicou José António Falcão, na apresentação da edição 2016, que decorreu no Centro Cultural de Belém (CBB).

À Agência ECCLESIA, o diretor-geral do Festival Terras Sem Sombra explicou que a 12.ª edição vai sublinhar a ligação entre três continentes – Europa, América e África – “centrando” tudo no Brasil, “um país irmão”, que tem um património musical “extraordinário”.

‘Torna-Viagem. O Brasil, a África e a Europa (Da Idade Média ao Século XXI)’ é o tema da iniciativa que começa na Igreja Matriz de Santo Ildefonso, em Almodôvar, a 27 de fevereiro de 2016, e termina com a entrega do Prémio Internacional “Terras Sem Sombra”, a 2 de julho, em Sines.

O responsável assinala que a internacionalização do festival “é inevitável”, em primeiro lugar porque “é necessário escala” e no campo da música, como nas outras manifestações artísticas, “não existem fronteiras”, e tem lógica a aproximação ao Brasil que “tem muito para dar à Europa”.

“Há claramente uma ponte estabelecida na sua ligação ao Alentejo e é muito interessante ver como desde o barroco até à vanguarda do século XXI, até à musica dos dias de hoje”, observa José António Falcão.

O responsável destaca que a produção religiosa no Brasil tem “vindo a conhecer um crescendo mas tem descrito algumas realidades que são poucos usuais na Europa” e é essa sensibilidade diferente que querem “refletir” e vão projetá-la.

No âmbito da apresentação do festival realiza-se também hoje o segundo concerto anteprima do Festival Terras sem Sombra: «La Petite Merveille e Il Prete Rosso. Versalhes e Veneza no Tempo do Barroco», às 20h00, na sala Luís de Freitas Branco, no CBB.

A biodiversidade é um tema presente no festival da Diocese de Beja, desde 2011, e os participantes, na manhã seguinte aos concertos, vão para o terreno para ações concretas de salvaguarda.

“O património natural e a biodiversidade são realidades que é necessário cada vez mais preservar, valorizar e dar a conhecer e esta sensibilização encontra-se também no Alentejo e hoje, se quisermos, em Lisboa como uma das nossas prioridades estratégicas”, acrescentou o diretor-geral do Festival Terras Sem Sombra.

Em 2016, Ano Internacional das Leguminosas, a dieta mediterrânica e “sobretudo as tradições gastronómicas, culinárias” vão poder “dar um contributo notável” e o entrevistado adianta que vão fazer a ponte com Espanha trazendo a Castro Verde um “chef” espanhol, de um restaurante da província de Zamora.

A coordenação das ações de salvaguarda da biodiversidade realiza-se sob a orientação do professor Pedro Rocha, da Universidade de Évora.

O certame, uma iniciativa da sociedade civil que torna acessível a um publico alargado os monumentos religiosos e “lugares privilegiados pela história, arte e acústica”, é itinerante por diversos concelhos e em 2016 visita pela primeira vez Serpa que recebe uma ópera, numa colaboração com o teatro Nacional São Carlos.

O Festival Terras Sem Sombra nasceu no Departamento do Património Histórico e Artístico da Diocese de Beja em 2003.

CB

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