Sudão do Sul: Papa iniciou visita inédita em país marcado pela guerra

Francisco faz «peregrinação ecuménica» pela paz, com o primaz anglicano e o líder da Igreja da Escócia

Lisboa, 03 fev 2023 (Ecclesia) – O Papa iniciou esta tarde uma “peregrinação ecuménica” pela paz, no Sudão do Sul, acompanhado pelo primaz anglicano e o líder da Igreja da Escócia, Justin Welby e Iain Greenshields, na primeira visita de um pontífice católico ao jovem país africano.

Francisco foi recebido no aeroporto internacional de Juba pelo presidente da República do Sudão do Sul, Salva Kiir, tendo recebido flores e uma pomba branca, símbolo da paz, das mãos de crianças.

Após a apresentação das delegações oficiais, o Papa seguiu em automóvel fechado para o Palácio Presidencial, sob fortes medidas de segurança que se fazem sentir em toda a capital sul-sudanesa.

O programa começa com uma visita do Papa ao presidente do Sudão do Sul, acompanhados pelos quatro vice-presidentes da República, a comitiva do Vaticano,  o arcebispo da Cantuária e o moderador da Igreja da Escócia.

A viagem, que deveria ter acontecido em julho de 2022 e foi adiada devido a problemas de saúde de Francisco, acontece após uma série de gestos comuns entre os três líderes cristãos, incluindo uma mensagem conjunta, em 2021, pelo 10.º aniversário de independência do Sudão do Sul, mergulhado numa crise social e política

“Infelizmente, o vosso povo continua a viver com medo e incerteza, sem confiança de que o seu país possa realmente oferecer a ‘justiça, liberdade e prosperidade’ celebrada no hino nacional”, referia o texto.

A declaração foi assinada por Francisco, Justin Welby (arcebispo da Cantuária, Comunhão Anglicana) e Jim Wallace (o então moderador da Igreja da Escócia, presbiteriana).

No Natal de 2020, os três responsáveis tinham assinado outra mensagem conjunta, pedindo que os líderes políticos desenvolvessem uma relação de confiança e fossem “mais generosos no serviço ao seu povo”.

O texto evocou o “histórico encontro” dos líderes políticos e religiosos do Sudão do Sul no Vaticano, em 2019 –  marcado pelo gesto de Francisco que, no final do seu discurso de encerramento do retiro espiritual, se inclinou para beijar os pés dos líderes sul-sudaneses, reunidos para a iniciativa de paz.

O Sudão do Sul, com uma população maioritariamente cristã (52% de católicos), obteve a sua independência ao separar-se do Norte árabe e muçulmano em 2011, mas no final de 2013 mergulhou num conflito civil causado pela rivalidade entre o presidente, Salva Kiir, e o seu então vice-presidente, Riek Machar.

Milhares de pessoas estão deslocadas por causa da violência, sem acesso a alojamento, água ou alimento.

A crise humana vai estar no centro do programa de sábado, quando Francisco, Justin Welby e Iain Greenshields, atual moderador da Igreja da Escócia, se encontram com deslocados internos, antes de uma oração ecuménica.

O arcebispo da Cantuária apelou à oração pelo povo do Sudão do Sul, falando numa “histórica visita conjunta”.

O líder anglicano denunciou que pelo menos 19 pessoas foram mortas em Kajo-Keji, na véspera desta “peregrinação pela paz”.

“É uma história ouvida com muita frequência em todo o Sudão do Sul. Volto a apelar por um caminho diferente: que o Sudão do Sul se una para uma paz justa”, escreveu.

OC

Notícia atualizada às 14h20

Sudão do Sul: Visita do Papa é «chamada de atenção» para os pobres e rejeitados – Irmã Joana Carneiro

 

 

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