Sophia: Capela do Rato foi lugar simbólico na vida da escritora

Patriarca de Lisboa vai presidir a Missa antes da trasladação para o Panteão

Lisboa, 01 jul 2014 (Ecclesia) – A Capela do Rato, em Lisboa, vai acolher esta quarta-feira, às 17h15, uma Missa presidida pelo patriarca D. Manuel Clemente, antecedendo a concessão de honras de Panteão Nacional a Sophia de Mello Breyner Andresen.

José Manuel dos Santos, que vai ser o orador oficial na cerimónia de 2 de julho, explica à Agência ECCLESIA que a Capela do Rato “não foi escolhida por acaso”, dado que tem “um grande significado e simbolismo” na vida da escritora.

O diretor cultural da Fundação EDP e amigo da família da poetisa recorda o seu “combate constante pela liberdade, pela justiça, que ela considerou sempre, sempre inseparáveis”.

O padre Tolentino Mendonça, capelão da Capela do Rato e diretor do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura, destaca por sua vez o significado da Eucaristia, que vai anteceder a transladação do corpo para o Panteão Nacional, 10 anos após a morte de Sophia.

O sacerdote e poeta recorda o papel que aquele espaço desempenhou para “uma geração” de católicos, como a de Sophia, que lutou “contra o Estado Novo, a guerra colonial e contra a posição da Igreja nesse contexto”.

“A Capela do Rato também é um lugar de cultura. E nesse sentido, penso que é uma grande alegria e o reconhecimento que nos reunamos naquele espaço para celebrar uma oração em memória da grande poetisa”, complementa, em declarações à Agência ECCLESIA.

A saída dos restos mortais de Sophia de Mello Breyner Andresen do Cemitério de Carnide para a Capela do Rato está marcada para as 16h30.

Após a Missa, tem início o percurso para o Panteão Nacional de Santa Engrácia, passando pela Assembleia da República.

No Panteão, José Manuel dos Santos fará o elogio fúnebre de Sophia de Mello, que recorda como uma grande escritora e cidadã, que “reúne em si um valor simbólico que deve ser apontado” à comunidade portuguesa.

“Neste tempo, em que todos nós estamos preocupados com o que está a acontecer, ela representa uma possibilidade de podermos olhar um pouco acima das nossas preocupações, não para as ignorarmos mas para arranjarmos a força que nos permita ultrapassar os obstáculos e as dificuldades que todos estamos a viver”, refere, em entrevista publicada na mais recente edição do Semanário ECCLESIA.

Para o diretor cultural da Fundação EDP, há em Sophia “uma palavra, um alerta, um alarme sobre o que está a acontecer”.

10 anos após a morte da escritora e 40 anos depois do 25 de Abril, lançou a ideia desta trasladação para o Panteão, num artigo que encontrou eco junto dos deputados na Assembleia da República, que acolheram essa sugestão por unanimidade.

Para José Manuel dos Santos, este é “o reconhecimento de que a morte não prevaleceu”.

Guilherme d’Oliveira Martins, diretor do Centro Nacional de Cultura, fala de Sophia de Mello Breyner Andresen como “uma das grandes referências da poesia contemporânea e da cultura portuguesa”, na qual se sente a “sede de justiça” e a “procura silenciosa da esperança no equilíbrio da palavra e da justiça, nunca a confusão com qualquer certeza intolerante”.

No Panteão Nacional, está previsto uma atuação da Companhia Nacional de Bailado e do Coro do Teatro Nacional de São Carlos.

Sophia de Mello Breyner Andresen foi condecorada em 1981 com o grau de Grã Oficial da Ordem de Sant'Iago e Espada, em 1987, com a Grã Cruz da Ordem do Infante D. Henrique e, no ano seguinte, com a Grã Cruz da Ordem de Sant'Iago e Espada; em 1999 recebeu o Prémio Camões.

LS/JCP/OC

Notícia atualizada às 13h38

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