Somália: Caritas pede resposta para «situação dramática»

Organização católica fala em mais de dois milhões de deslocados por causa da fome

Lisboa, 03 ago 2011 (Ecclesia) – A Caritas Somália, instituição católica para a ajuda humanitária, revelou que mais de 2 milhões de pessoas estão deslocadas no país africano por causa da fome e que muitos deixam para trás a própria família.

“As famílias em fuga das áreas atingidas pela seca são obrigadas a abandonar os idosos, os doentes, as crianças mais vulneráveis e as grávidas. Muitas vezes, devem deixar para trás os corpos de seus familiares na estrada”, alerta a organização.

O presidente da Caritas Somália, D. Giorgio Bertin, fala numa “situação dramática” e diz que a tensão social e política “complica a ação humanitária”.

Num relatório publicado pela agência Fides, da Santa Sé, é sublinhada como “exigência primária” o acesso “imediato” aos alimentos, acrescentando que “as pessoas atingidas pela seca têm necessidade urgente de água potável, serviços higiénicos, assistência de saúde, proteção, abrigo e sustento”.

Neste momento, Somália, Quénia, Etiópia e Djibouti são afetados pela pior seca dos últimos 60 anos na região, que a ameaça de fome cerca de 13 milhões de pessoas, segundo o Programa Alimentar Mundial da ONU.

A Caritas Somália diz que existe no país “um grande vazio em termos de fornecimento de alimentos”, por causa da expulsão de várias agências humanitárias na região centro e sul, fruto dos confrontos entre forças governamentais e a milícia islamista al-Shabab.

“A procura de alimentos e de assistência gerou um movimento maciço da população, com a migração dos pastores e camponeses mais pobres, seja no interior do centro-sul da Somália, como no Quénia e na Etiópia. Um quarto da população da Somália está deslocada, percorrendo grandes distâncias a pé, em mulas ou usando seu último dinheiro para conseguir um lugar em camiões sobrelotados”, indica o documento enviado à Fides.

“Quem consegue chegar ao destino, chega condições assustadoras: exaustos, desnutridos e fragilizados por doenças, como malária e sarampo. Muitos foram atacados por bandidos armados, submetidos a formas de violência e subtraídos dos seus poucos e miseráveis bens”, refere-se ainda.

A Caritas Somália está a coordenar as ajudas provenientes das Caritas de todo o mundo e de outras organizações, para ajudar as populações no país e os deslocados somalis na Etiópia e no Quénia.

OC

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