Solidariedade: Igreja dá prioridade a grupos com menos burocracia e maior rapidez na resposta aos pedidos de ajuda

Resposta às dificuldades económicas «é muito mais imediata e direta» com equipas de proximidade

Lisboa, 05 mar 2012 (Ecclesia) – Os pequenos grupos de ação social católicos presentes nas paróquias têm vindo a ganhar relevância no tratamento de situações de pobreza por conhecerem as necessidades locais, dispensarem burocracias e responderem rapidamente aos pedidos de ajuda.

Além das instituições e equipas de solidariedade já existentes de forma organizada, que a Igreja quer ver instaladas em todas as paróquias, há equipas espalhadas pelas comunidades cristãs que estão atentas aos casos de dificuldade.

“Mesmo que não sejam grupos operativos fazem chegar a informação à Cáritas e depois é possível dar alguma resposta”, explicou o padre José Morais Palos, pároco de Montemor-o-Novo, ao programa 70X7 transmitido este domingo na RTP-2.

Com estes grupos de proximidade a atuação “é muito mais imediata e direta”, realça o sacerdote da Arquidiocese de Évora, que acrescenta: “Não resolvemos todos os problemas mas pelo menos vamos minorando as dificuldades”.

“Não há burocracias, confiamos nas pessoas; por vezes abusam mas esses casos corrigem-se quando os detetamos”, aponta por seu lado Maria Helena, da Cáritas interparoquial de Alcanena, Diocese de Santarém.

Os voluntários do grupo de ação social da Paróquia de Montemor ajudaram uma média de 37 famílias por mês, através de vestuário, alimentos fornecidos pelo Banco Alimentar e pagamento de contas domésticas.

“O financiamento de que dispomos, proveniente da Cáritas diocesana, destina-se fundamentalmente a pagamentos imediatos da luz, gás, medicamentos, água”, explicou o padre José Palos.

Na ‘Lojinha Solidária’ de Montemor-o-Novo, 100 km a leste de Lisboa, a procura de ajuda é “muito diferente” em comparação com o que acontecia há 10 anos, quando Maria José Lopes começou a trabalhar na instituição.

“Antigamente pediam só roupa e agora há pessoas que além do vestuário querem loiça, lençóis, cobertores… A necessidade é tanta que tentam pedir tudo”, conta.

Carla de Jesus sublinha que a sua motivação para o serviço gratuito que presta no grupo de ação social de Montemor advém da coerência com as suas convicções religiosas.

“Não fazia sentido ser cristã nem Terceira Franciscana [membro da Ordem Terceira de S. Francisco, dedicada aos leigos] se não amasse as pessoas e não as quisesse ajudar. Faço isto não como um ‘part-time’ nem como voluntariado mas como um chamamento à missão”, assinalou.

Em Alcanena, 100 km a norte de Lisboa, o padre António Ribeiro, responsável por três paróquias, integra um grupo de 30 voluntários que também procura acudir aos pedidos de ajuda.

“Há pessoas que são privadas de tomar medicação porque não têm possibilidade de o fazer e há quem não tenha gás e tome banho de água fria”, contou o sacerdote, enquanto que Maria Emília Cadete, da equipa, fala da existência de crianças sem alimento.

“Quando vamos fazer a entrega mensal de bens sentimos as necessidades do próximo”, refere a responsável, salientando que o seu grupo “tem vontade de fazer mais e melhor”.

A Cáritas Portuguesa, instituição de apoio social da Igreja Católica resultante da união das 20 Cáritas diocesanas, assinala até domingo a sua semana nacional, dedicada ao tema “Edificar o Bem Comum: Uma tarefa de Todos e de Cada Um”.

70X7/RJM

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