Solidariedade: Bispo de Setúbal lamentou «desestabilização» de Moçambique (c/vídeo e fotos)

D. José Ornelas recordou que renúncia quaresmal das comunidades sadinas vai ajudar população Diocese de Pemba

Seixal, 04 abr 2021 (Ecclesia) – O bispo de Setúbal disse hoje que a “desestabilização” em Cabo Delgado, no norte do país, é mais do que “uma questão moçambicana”, mas advertiu que a crise em Pemba não pode levar a um “neocolonialismo”.

“A desestabilização de Moçambique não é simplesmente uma questão moçambicana, mas é preciso também que o governo moçambicano perceba. Não pode ser um neocolonialismo, mas também não pode ser um novo lavar de mãos perante os problemas, porque vai chegar a todos”, disse D. José Ornelas à Agência ECCLESIA.

O bispo de Setúbal acrescentou que a atual situação no norte de Moçambique tem muito de “ingredientes internos” bem como “uma internacionalidade que a todos diz respeito”.

No final da Missa de Páscoa, a que presidiu na igreja paroquial de Nossa Senhora de Fátima, na Torre da Marinha, D. José Ornelas recordou que o bispo emérito de Pemba, D. Luiz Fernando Lisboa, foi uma “pessoa chave” para colocar este problema “muito sério” no “coração da Igreja” e no panorama internacional político.

A renúncia quaresmal da Diocese de Setúbal vai este ano apoiar a Diocese de Pemba – e a nível interno, as situações de “maior constrangimento” provocada pela pandemia da Covid-19, nomeadamente as famílias, quem ficou desempregado, “a nível de tudo o que é preciso” para que as pessoas possam “no mínimo atravessar esta crise e depois dar o seu melhor para reconstruir o país”.

“Temos situações muito difíceis mas não se pode comparar com um país como Moçambique, com tudo aquilo que temos e mais uma guerra destrutiva, que visa principalmente as populações indefesas, uma coisa ignóbil. Essas pessoas também têm de estar no nosso pensamento, senão não construímos um mundo melhor”, desenvolveu D. José Ornelas, presidente da Conferência Episcopal Portuguesa.

Desde 2017, a província de Cabo Delgado tem sido palco de conflitos armados que provocaram mais de 700 mil deslocados e mais de duas mil mortes e estão na origem de uma crise humana que se está a gravar nas últimas semanas.

O arcebispo de Maputo, D. Francisco Chimoio, apelou hoje à solidariedade dos moçambicanos e dos países vizinhos para as vítimas da violência armada em Cabo Delgado, considerando que esta preocupação pode “minimizar o seu sofrimento”.

“Apelar a todos para que de facto nos solidarizemos com aqueles irmãos que estão deslocados na província de Cabo Delgado”, disse Francisco Chimoio, citado pela Lusa, numa mensagem de Páscoa.

O Papa Francisco evocou hoje as vítimas do “terrorismo internacional”, com referência às populações de Cabo Delgado, na sua mensagem antes da bênção ‘Urbi et Orbi’ [à cidade (de Roma) e ao mundo].

HM/CB/OC

O bispo sadino afirmou que a pandemia mostrou que “é muito difícil construir muros contra o vírus” e que não é possível “construir Páscoa, construir um mundo novo”, sem derrubar muros que se criam constantemente “com a economia, com a política, com a cultura”.

“A Páscoa tem de ser o motor de olhar para as coisas de um modo diferente, para que nos mobilizemos todos”, realçou.

D. José Ornelas assinalou que a Páscoa “é a passagem de uma situação normalmente negativa e de opressão, de divisão, para um caminho novo”.

“Nós é que vamos construir o mundo a partir daquilo que levamos dentro, do projeto que temos e daquilo em que acreditamos”, destacou.

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Agência ECCLESIA

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