Sofrimento no interior

Ângela Maria Almeida, Ação Católica Rural, Diocese de Viseu

Viseu, caracterizada como cidade do interior, apesar do esforço visível que tem feito para combater a desertificação humana, vive momentos profundamente difíceis. Há uma grande preocupação com o aumento da taxa de desemprego e com um possível aumento de “conflitos sociais”. O desemprego está muito próximo dos 15% tendo o desemprego dos jovens atingindo cerca de 35%.

No distrito, os desempregados são mais de 20 mil pessoas no ano de 2012. Neste período difícil da economia portuguesa e mundial, o “vazio populacional” é notório. Os jovens têm abandonado a região, emigram ou então vão para a beira litoral ou para as grandes cidades, tornando as freguesias do distrito cada vez mais envelhecidas e despovoadas.

A realidade social é atualmente caracterizada por uma grave crise económica que tem repercussões na dimensão social. Além da pobreza tradicional, surgem os novos pobres, muitos provenientes de uma classe média que perdeu capacidade financeira e económica.

Neste contexto associado ao desemprego surgem outros problemas como a desestruturação familiar e o divórcio, o álcool, as dívidas, o sobre endividamento, as depressões entre outros problemas.

Sendo assim, na Diocese de Viseu existem várias instituições da Igreja diocesana, associações e obras caritativas, que dão apoio aos mais carenciados e vão dando respostas a estes problemas: em muitas comunidades locais e paroquiais, estas associações e obras de cariz caritativa estão atentas e promovem ações concretas. Em primeiro lugar, procuram conhecer os casos de pobreza para depois apoiá-los de uma forma concreta como por exemplo com a distribuição de bens alimentares, a promoção e inserção social, como a Formação Profissional, a procura ativa de emprego e o apoio a crianças e jovens em situação de risco, prevenindo o abandono escolar e a marginalização. Por exemplo, no início do ano letivo, procura-se apoiar muitas famílias com graves dificuldades económicas através do fornecimento de material escolar. Neste contexto, procura-se o apoio de empresas e particulares para a doação de material escolar como lápis, borrachas, cadernos, dossiers, réguas, que sejam úteis para as crianças e para os jovens. Os problemas a nível escolar são imensos, principalmente nos concelhos mais empobrecidos e desertificados, mas também nas escolas da cidade, havendo muitos alunos com alimentação e cuidados precários devido à desagregação familiar, há falta de apoio familiar – muitos pais trabalham fora do distrito ou percorrem grandes distâncias deixando as crianças um pouco entregues a si mesmas. Nas escolas, os professores queixam-se da falta de interesse quer dos alunos, quer de muitas famílias no sucesso escolar dos filhos, muitos deles frequentam o nível secundário sem qualquer perspetiva de futuro acabando por não se prepararem nem a nível escolar nem a nível profissional para lutar pelo futuro.

É também de salientar que há muitas outras iniciativas tais como no âmbito do programa nacional de emergência alimentar, através da Segurança Social em Viseu, para garantir que ninguém deixe de ter uma refeição quente por dia por falta de recursos. Em Viseu foram criados quarenta refeitórios de instituições de solidariedade social e misericórdias que integram a rede nacional de cantinas abrangidas por protocolos com a Segurança Social estão a fornecer refeições aos mais carenciados no distrito de Viseu, assegurando cerca de 2600 refeições diárias

Tudo isto denota uma grave crise social que urge enfrentar por todos os meios e em todas as áreas e que ninguém pode ficar indiferente.

Ângela Maria Almeida,
Ação Católica Rural, Diocese de Viseu

 

 

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