Sofrimento e ética nos cuidados terapêuticos

Um tema actual como o sofrimento e as suas linguagens esteve em análise na Casa de Saúde de Santa Rosa de Lima. Propriedade das Irmãs Hospitaleiras do Sagrado Coração de Jesus, esta foi também uma forma de “enriquecer as várias celebrações desenvolvidas por ocasião do 125º aniversário da Fundação da Congregação das Irmãs Hospitaleiras do Sagrado Coração de Jesus cuja missão e carisma tem em vista ser sanação e boa notícia para a pessoa doente”. O Colóquio subordinado ao tema “Sofrimento: que linguagens?” teve objectivo discutir diferentes abordagens de comunicação de “más notícias aos doentes e/ou familiares”, pelo que o Colóquio teve a participação de uma equipa multidisciplinar, contando para isso com os contributos de um teólogo (Pe. Jerónimo Trigo), uma enfermeira (Enf. Hirondina Guarda), uma técnica de serviço social (Dra. Margarida Pires) e um psicoterapeuta (Dr. Horácio Lopes) tendo sido moderado pela Presidente da Comissão de Ética (Dra. Cristina Figueira). A Irmã Arminda Fernandes, responsável pela organização deste colóquio, explica à Agência ECCLESIA que que em causa esteve a “promoção da reflexão ética na utilização das várias linguagens do sofrimento numa perspectiva multidisciplinar”, assim como “o aprofundar algumas técnicas de comunicação que facilitem a transmissão de informações com carácter doloroso, ajudando a gerir emoções da pessoa doente e seus familiares e contribuir para uma melhor adesão ao processo terapêutico”. “O modo como se comunica ao doente o diagnóstico e a terapêutica, mesmo que tecnicamente estes estejam correctos, influencia de uma forma muito importante a maneira como o doente vai reagir a ambos”, sublinha a Irmã Arminda. Margarida Pires, na sua apresentação, referiu-se a alguns extractos de cartas de agradecimento de famílias de doentes do serviço de cuidados paliativos do IPO de Coimbra Francisco Gentil. “…Relembro o apoio médico e emocional dado a todos os familiares e principalmente à doente, a quem proporcionaram todas as condições dignas para viver os seus últimos momentos sem sofrimento e em paz espiritual”. “A ética, ao ter como referência central a pessoa na sua integralidade, situa-nos perante a realidade do sofrimento numa perspectiva positiva, procurando sempre e em todas as situações o maior bem da pessoa e colocando todos os recursos ao serviço da vida em todas as suas dimensões. A ética oferece-nos parâmetros de relação, intervenção e motivação no serviço e no cuidado à pessoa que sofre”, foi lembrado pela Irª Idília Carneiro, Presidente do Instituto das IHSCJ. O envolvimento dos familiares passa por “informar de forma clara, concisa, realista e honesta”, ajudando o familiar a compreender melhor a situação concreta do seu doente. “Dar-lhe tempo e ter disponibilidade para o apoio emocional por parte de toda a equipa é também muito importante e possibilitar-lhes estar com o doente e prestar-lhes os cuidados diários necessários”. Estiveram presentes no Colóquio cerca de 80 técnicos de hospitais, de centros de saúde, mas também colaboradores de algumas casas dos Institutos das Irmãs Hospitaleiras do Sagrado Coração de Jesus e dos Irmãos de S. João de Deus, que se juntaram a um público de algumas IPSS, da Câmara Municipal de Sintra, da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e Pisão, da Casa de Saúde do Senhor da Serra entre alguns voluntários. “As questões debatidas permitiram reflectir e aprofundar temáticas com as quais nos confrontamos no dia a dia no âmbito da prestação de cuidados de saúde a pessoas com idade avançada”, manifesta a Irmã Arminda Fernandes. Por outro lado, “o horizonte da ética e da dignificação da pessoa fazem parte integrante dos princípios orientadores do modelo assistencial que a Congregação preconiza, a partir da centralidade da pessoa em todo o processo, da qualidade de cuidados numa perspectiva integral, unindo ciência e caridade”. Para além da competência técnica, nomeadamente nos cuidados continuados e paliativos, “é fundamental a humanização dos cuidados, mediante uma assistência integral bio-psico-social e espiritual, relacional e afectiva, procurando por todos os meios maximizar o conforto e o bem-estar e minimizar a dor e o sofrimento quer do doente quer da família”.

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