Sociedade: Reforçar as fronteiras é uma mensagem «social e antropologicamente perigosa»

José Luís Gonçalves diz que é necessário continuar a educação para o diálogo

Porto, 16 jan 2015 (Ecclesia) – O diretor da Escola Superior de Educação de Paula Frassinetti (ESEPF) valoriza, no semanário Ecclesia, as manifestações de unidade contra o terrorismo e alerta para a mensagem “social e antropologicamente perigosa”, do reforço da vigilância das fronteiras.

“À resposta simbólica da manifestação de unidade contra o terrorismo ocorrida no domingo passado nas ruas de Paris seguir-se-á agora outra resposta de caráter securitária com o reforço da vigilância das fronteiras no Espaço Schengen”, escreve José Luís Gonçalves num artigo de opinião publicado no semanário Ecclesia.

“Esta medida politicamente legitimada pelos acontecimentos acabará por enviar uma mensagem social e antropologicamente perigosa: “a de que existem os de ‘fora’ (perigosos) e os de ‘dentro’ (pacíficos) dos nossos países e que, mantendo os de ‘fora’ nos seus países, os de ‘cá’ estão seguros”, alerta sobre uma formulação errada recordando o caso do norueguês Anders Breivik, que assassinou 69 pessoas na ilha de Utøya, em 2011.

José Luís Gonçalves escreve que para “desarmadilhar” o pretexto religioso de atentados terroristas é necessário favorecer o diálogo inter-religioso “como pilar primordial do diálogo entre civilizações e culturas balizado pelos Direitos Humanos”.

“É sob este entendimento que o diálogo e a integração dos cultural e religiosamente diferentes tem de ser precedido da explicitação do ‘inegociável’ diante de quem quer ser acolhido: a centralidade da dignidade da pessoa humana e a sua primazia nas expressões históricas concretas”, sustenta.

O novo colaborador da Agência ECCLESIA comenta que os ataques cometidos em França “fizeram aflorar sentimentos de insegurança e de desconfiança” para com os que são culturalmente “diferentes”.

No último Semanário digital, o responsável contextualiza que os atos de cariz religioso tiveram como finalidade “condicionar diretamente” marcas identitárias das sociedades ocidentais como a liberdade de expressão e de credo, respetivamente no caso dos jornalistas e no assalto ao supermercado cujo proprietário é judeu.

“O bom senso aconselha, todavia, a separar extremismo religioso de uma qualquer fé, mesmo quando aquele instrumentaliza esta para os seus fins. A história de todas as religiões está repleta de exemplos trágicos desta associação”, desenvolve o diretor da Escola Superior de Educação de Paula Frassinetti.

José Luís Gonçalves, diretor da Escola Superior de Educação de Paula Frassinetti, iniciou esta semana uma colaboração regular no semanário digital Ecclesia, onde escreve na terceira quinta-feira de cada mês.

CB/PR

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