Sociedade: Igreja Católica tem de abraçar o mundo «em vez de o excomungar», declara bispo de Lamego

D. António Couto pede «fé ardente» que transmita «calor e amor», traçando balanço do último Sínodo dos Bispos

Lisboa, 13 nov 2012 (Ecclesia) – A Igreja Católica tem de admitir as suas insuficiências e só depois poderá partir para uma relação com o mundo que rejeite a exclusão e afirme a proximidade, considera o bispo de Lamego.

“O sacramento que marcará a nova evangelização é o da Reconciliação ou Penitência”, declarou D. António Couto ao programa televisivo 70X7 (RTP-2) deste domingo, a propósito do Sínodo dos Bispos realizado em outubro no Vaticano, em que participou.

O prelado, presidente da Comissão Episcopal Missão e Nova Evangelização, sublinhou que os católicos têm de rever a sua ação e só depois poderão “ir ao encontro do mundo para o abraçar, em vez de o excomungar”.

 “Não vamos impor a Penitência aos outros mas vamos começar por impô-la a nós; isto é, vamos impor uma mudança de vida a começar por nós, [os bispos] que estavámos no Sínodo, mas também pelos sacerdotes e por aqueles que já estão dentro da Igreja, para ver se estamos a cumprir bem o nosso papel”, referiu.

[[v,d,3569,]]D. António Couto, especialista na Bíblia, lembrou que a “única estratégia” das comunidades cristãs primitivas era “viver de Cristo intensamente”, atitude de onde decorrem todas as opções e comportamentos.

“É preciso uma fé ardente; pessoas que com o coração a arder querem levar esta chama a outros corações. Não se tratam de estratégias”, observou.

O bispo de Lamego frisou que é “absolutamente indispensável” promover uma “Igreja próxima” para responder à “grande solidão” experimentada por parte da população portuguesa.

“A Igreja tem aqui um campo extraordinário para criar proximidades”, chegando até às pessoas “com calor e amor, criando novos laços”, acrescentou.

O bispo do Porto, D. Manuel Clemente, que com o prelado lamecense constituiu a presença portuguesa no Sínodo sobre ‘A nova evangelização para a transmissão da fé cristã’, quer ver “mais criatividade e envolvimento de famílias, leigos e outros cristãos agregados em movimentos”.

A presença na assembleia sinodal de 260 bispos dos cinco continentes permitiu aos participantes constatar que a “nova evangelização” é um tema central no catolicismo atual, embora com diferentes ritmos.

A atividade da Igreja Católica fora do Velho Continente dá uma “frescura” que “infelizmente nem sempre se nota na Europa, não só por a população estar, em geral, muito envelhecida, como pela falta de meios para garantir o catolicismo que se vivia, ou então pela demasiada estruturação em lugares que perderam muito do viço e encanto originais do cristianismo”, salientou o vice-presidente da Conferência Episcopal Portuguesa.

O programa da assembleia plenária da Conferência Episcopal Portuguesa, que decorre até quinta-feira em Fátima, inclui uma reflexão sobre o último Sínodo dos Bispos.

70X7/RJM

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