Sociedade: Comissão Nacional Justiça e Paz lamenta «ventos de racismo e xenofobia» em Portugal

Organismo laical da Igreja Católica incentiva à «cultura do cuidado e a paz» e expressa indignação pelo «bárbaro assassinato de um cidadão estrangeiro no aeroporto de Lisboa»

Foto: Lusa

Lisboa, 30 dez 2020 (Ecclesia) – A Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP) afirma hoje que vê “com tristeza Portugal atingido por ventos de racismo e xenofobia” na nota ‘A Cultura do Cuidado e a Paz’, publicada a partir da mensagem papal para o Dia Mundial da Paz.

“Depois de os serviços oficiais de apoio a imigrantes terem recebido em anos passados elogios no plano internacional, foi com grande indignação que soubemos do bárbaro assassinato de um cidadão estrangeiro no aeroporto de Lisboa a quem havia sido negada a entrada em território português”, lê-se na mensagem enviada à Agência ECCLESIA.

O organismo laical da Igreja Católica em Portugal afirma que “é com tristeza” que vê “Portugal atingido por ventos de racismo e xenofobia” e que a morte de um cidadão de nacionalidade ucraniana, de 40 anos, no espaço equiparado a Centro de Instalação Temporária do Aeroporto de Lisboa, em março, é “uma tragédia que envergonha o Estado português”.

O Papa Francisco escolheu o tema ‘a cultura do cuidado como percurso de paz’ para a sua mensagem para o Dia Mundial da Paz 2021 (1 de janeiro) e a CNJP contextualiza que essa cultura “é contraposta à «cultura da indiferença, do descarte e do conflito, que hoje muitas vezes parece prevalecer»”.

“A cultura do cuidado é o centro desta mensagem. Não é alheia a este foco na cultura do cuidado a experiência que se tem vivido por todo o mundo na sequência da pandemia da Covid-19. Essa experiência tem revelado a importância do cuidado para com os doentes atingidos por essa doença e para com as pessoas que mais riscos correm de a contrair de modo fatal, como os idosos”, desenvolve.

A Comissão Nacional Justiça e Paz lembra que “abordou a questão do lugar dos mais velhos na sociedade portuguesa” ao longo deste ano “e da importância das profissões dedicadas ao seu cuidado”.

Segundo a nota portuguesa, o Papa na sua mensagem aponta uma ‘bússola’ para um ‘rumo comum’ do processo de globalização que é “inspirada na cultura do cuidado e que assenta em quatro princípios basilares da doutrina social da Igreja: A promoção da dignidade de toda a pessoa humana, a solidariedade com os pobres e indefesos, a solicitude pelo bem comum e a salvaguarda da criação.”

“A pessoa exige sempre a relação, e não o individualismo; isso implica deveres e responsabilidades, como a de acolher e socorrer os pobres, os doentes, os marginalizados, «o nosso próximo, vizinho ou distante no espaço e no tempo»”, desenvolve.

O organismo da Igreja Católica observa que cada aspeto da vida social, política e económica “encontra a sua realização quando se coloca ao serviço do bem comum” e as ações “devem ter sempre em conta os seus efeitos sobre toda a família humana, ponderando as suas consequências para o momento presente e para as gerações futuras”.

Na nota ‘A Cultura do Cuidado e a Paz’, a Comissão Nacional Justiça e Paz Portugal também revela preocupação com guerras e conflitos e não pode “ignorar a situação da região de Cabo Delgado, com as suas centenas de milhar de vítimas, a quem o mundo ainda não prestou a devida atenção”.

CB

 

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