Irmã Maria Lúcia Ferreira vive num mosteiro em Qara
Lisboa, 14 out 2019 (Ecclesia) – A religiosa portuguesa Maria Lúcia Ferreira, a residir num mosteiro da Síria, alertou para as consequências da invasão turca no nordeste do país.
A irmã Myri, como é conhecida, referiu à fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) que as tropas “entraram na região de Hassaké e isso pode ter consequências muito graves”.
A cidade síria, destaca a AIS, tem uma “histórica comunidade cristã”.
Já o arcebispo católico de Erbil, no Iraque, veio a público manifestar a sua preocupação pelo destino dos “refugiados inocentes e os deslocados de todas as religiões” que estão a ser forçados a fugir de suas casas por causa da violência.
Numa nota enviada à Fundação AIS, D. Bashar Warda considera “iminente” uma nova onda de refugiados. em Erbil e no norte do Iraque, pedindo que a comunidade internacional “possa estar pronta para ajudar, se e quando chegar a hora de proteger esses inocentes”.
D. Jacques Hindo, arcebispo sírio-católico de Hassaké-Nisibis, mostra-se particularmente preocupado com a fuga dos detidos jihadistas do Estado Islâmico.
“Este é um plano para destruir a Síria e não só. Agora os terroristas chegarão também na Europa, através da Turquia e com o apoio da Arábia Saudita”, denuncia.
Este domingo, no Vaticano, o Papa apelou hoje ao diálogo, recordando em particular a situação das famílias cristãs na fronteira junto à Turquia.
“O meu pensamento vai mais uma vez para o Médio Oriente, em particular para a amada e martirizada Síria, de onde chegam de novo notícias dramáticas sobre a sorte das populações do nordeste do país, obrigada a abandonar as próprias casas por causa das ações militares”, declarou, antes da recitação da oração do ângelus, na Praça de São Pedro.
Perante dezenas de milhares de pessoas que acompanhar a Missa com cinco canonizações, no Vaticano, Francisco recordou que a intervenção militar da Turquia no nordeste da Síria afeta “muitas famílias cristãs”.
“A todos os envolvidos e à comunidade internacional, por favor: renovo o apelo a um compromisso sincero no caminho do diálogo, para procurar soluções eficazes”, declarou.
Segundo a ONU, mais de 130 mil pessoas deixaram as suas casas nas cidades de Tal Abyad e Ras al-Ain, desde que a ofensiva turca começou no nordeste da Síria, na quarta-feira, informou hoje a ONU (Organização das Nações Unidas).
A Turquia declarou que o objetivo da ofensiva é combater e afastar da região a milícia curdo-síria Unidades de Proteção Popular (YPG, integrante das FDS), que os turcos consideram uma organização terrorista.
OC