Cidade de Alepo foi hoje bombardeada pelas forças do governo de Bashar Al-Assad, em confronto com forças rebeldes contrárias ao regime
Lisboa, 27 jul 2012 (Ecclesia) – A Igreja Católica na Síria diz que os cristãos vivem momentos de autêntico terror, numa altura em que o conflito entre as forças governamentais e os rebeldes se intensificou nas duas maiores cidades do país, Damasco e Alepo.
Em entrevista publicada hoje no site da Fundação Ajuda a Igreja que Sofre (AIS), o bispo caldeu de Alepo, D. Antoine Audo, sublinha que a principal preocupação é que “nesta situação de anarquia pessoas armadas se dirijam para as áreas cristãs, tal como aconteceu em Homs”.
“Se eles chegarem às nossas igrejas e à residência episcopal, tal como em Homs, será desastroso para nós”, alerta o prelado, que pede apoio humanitário para a comunidades e também a oração de todos os cristãos espalhados pelo mundo.
“A ajuda material é importante, mas o abismo do medo e da solidão não se vencem com dinheiro. É muito importante saber que não estamos sozinhos”, salienta o bispo de Alepo.
Em fevereiro deste ano, bombardeamentos na cidade de Homs, a norte da capital Damasco, deixaram dezenas de mortos e levaram ao êxodo em massa de quase todos os fiéis daquela região, cerca de 120 mil pessoas.
O responsável católico de Alepo teme agora que situação se repita, depois dos ataques que se estenderam hoje a diversos bairros da cidade, como Salahedin, Azamiyeh, Bustan el-Kasr, Mashad e Sukari.
“Não são só os cristãos que se encontram nesta situação de perigo. Também há muçulmanos, os que são vistos como simpatizantes do Governo”, recorda D. Antoine Audo, que não vai desistir de lutar pelo bem-estar das pessoas.
“Não vou sair daqui. Sou sacerdote nos bons e nos maus momentos, isto é, sou padre e agora tenho de estar junto dos meus”, aponta um padre católico, cujo nome é mantido no anonimato por motivos de segurança.
Numa mensagem enviada aos seus familiares e amigos, este responsável mostra a intenção de continuar a apoiar os cristãos apanhados no meio da revolta contra o governo do presidente Bashar Al-Assad.
“Tenho de partilhar com este povo, onde Deus me colocou, tudo o que ele vive. Tenho de seguir o conselho de S. Paulo, que nesta cidade encontrou Jesus há tanto tempo atrás: Alegrai-vos com os que se alegram, chorai com os que choram”, conclui.
As Nações Unidas estimam que perto de 20 mil pessoas tenham morrido em 16 meses de guerra civil síria.
AIS/JCP