Síria: Futuro do país permanece incerto, após revolta que derrubou regime – Filipe d’Avillez

Jornalista alerta para situação das comunidades cristãs

Foto: Lusa/EPA

Lisboa, 12 dez 2024 (Ecclesia) – O jornalista Filipe d’Avillez considera que Bashar al-Assad era um “ditador sanguinário”, mas “não é claro” que os rebeldes que libertaram a Síria queiram impor a democracia.

“Tendemos a falar aqui de rebeldes e sabemos que Assad era um ditador sanguinário e, portanto, associamos os rebeldes aos libertadores e, eventualmente, aos que querem impor a democracia mas não é claro que seja assim”, disse Filipe d’Avillez à Agência ECCLESIA.

Depois de, praticamente 14 anos de guerra naquele país do Médio Oriente, os rebeldes, “com o apoio da Turquia”, conseguiram de forma “absolutamente estrondosa acabar com o regime num período de cinco dias”, referiu.

Os rebeldes, um grupo “inicialmente ligado à Al-Qaeda, “jihadista” e que tem feito “um esforço nos últimos anos e agora de forma muito mais clara, nas últimas semanas, para se apresentarem como “sendo mais moderados”, afirma Filipe d’Avillez.

Questionado sobre se esta será uma evolução ou uma forma de garantir o apoio internacional para depois poderem consolidar o seu poder e imporem de facto uma agenda jihadista, o jornalista realça que se tal acontecer “não podia haver pior notícia para a maioria das comunidades cristãs na Síria”.

“Ainda não o fizeram e há alguma esperança de que tenha havido a realização, ao longo dos últimos anos e, sobretudo, se calhar com pressão da comunidade internacional para a necessidade de consolidarem um regime na Síria que respeite os direitos das minorias”, avança Filipe d’Avillez.

Quando se fala de minorias, o jornalista refere que para além dos cristãos existem também os drusos e os alauitas.

Os alauitas estão numa situação “particularmente complicada porque a família Assad era alauita e a espinha dorsal do regime de Assad era constituído por alauitas e outros fiéis à sua família”.

“A possibilidade de haver agora vinganças sobre essas comunidades é grande”, acrescenta.

Com esta situação, Israel aproveitou de uma forma militarmente “inacreditável e bem-sucedida este período de transição e destruiu totalmente a capacidade militar da Síria de força aérea, naval, terrestre e material bélico”.

A Síria “tão depressa não vai ser uma ameaça para Israel, seja quem for que ocupe o poder”, sublinhou Filipe d’Avillez.

Em relação aos países vizinhos da Síria, o jornalista refere que o Líbano tem “muito a ganhar e muito a perder” com a situação.

“O Hezbollah, que domina o Líbano em termos militares porque é mais forte que as próprias forças armadas do Líbano, neste momento ficou sem fontes de apoio. Era apoiado pelo Irão via Síria e, neste momento, isso já não é possível”, acrescenta jornalista Filipe d’Avillez ao Programa ECCLESIA, emitido esta quinta-feira, na RTP2.

PR/LFS/OC

 

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