«Sinodalidade não é o trazer da democracia ou do parlamentarismo para a Igreja» – Padre Sérgio Leal
Porto, 20 out 2021 (Ecclesia) – O padre Sérgio Leal, doutorando em Teologia Pastoral, disse à Agência ECCLESIA que o processo sinodal lançado pelo Papa, até outubro de 2023, vai mais longe do que uma “sondagem pública”, procurando auscultar e envolver todos os católicos.
“A dinâmica de escuta não é uma dinâmica de escuta como sondagem pública, a sinodalidade não é o trazer da democracia ou do parlamentarismo para a Igreja, é o sublinhar uma Igreja que é comunhão, e que respeita a pluralidade e diversidade”, refere o sacerdote da Diocese do Porto.
O especialista português sublinha que “unidade nunca pode ser uniformidade”, na vida da Igreja Católica.
“A Igreja sempre sublinhou e respeitou esta diversidade potenciando a comunhão e só assim se cria uma verdadeira comunhão, quando a diversidade converge numa verdadeira unidade”, acrescenta.
A 16ª assembleia geral do Sínodo dos Bispos, convocado pelo Papa Francisco, tem como tema ‘Por uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão’, e decorre durante dois anos, desde o início deste mês, incluindo processo de consulta com assembleias diocesanas e continentais.
O padre Sérgio Leal, que está a investigar o tema do ministério pastoral numa Igreja sinodal, assinala que esta assembleia sinodal começa de “um modo novo, por um caminho de escuta diferente dos anteriores”.
O sacerdote contextualiza que, com o Papa Francisco, “esta escuta é sublinhada de um modo particular”, mas recorda que o Sínodo dos Bispos “desde sempre teve presente a escuta do povo”, porque reúne os bispos que representam uma Igreja particular.
Esta escuta quer dizer precisamente que ninguém pode ficar de fora. Quer ser a procura de mecanismos de escuta e de uma escuta verdadeiramente ativa, por isso no vade-mécum diz-se que esta escuta da realidade quer potenciar já aquilo que é a sinodalidade”.
O entrevistado assinala que a Igreja “tem consciência” de que só pode dar resposta “aos anseios, às preocupações, aos desafios e às alegrias” do homem contemporâneo se for capaz de os escutar e de os conhecer, por isso, esta dinamiza de escuta é fundamental.
“Muitas vezes partimos do princípio, como Igreja, de que conhecemos as necessidades do mundo. É uma tentação de qualquer pessoa, olhamos a realidade e entendemos conhecer a realidade. O que o Papa nos recorda, e uma Igreja sinodal, que é uma Igreja da escuta, nos recorda, é que antes dos meus preconceitos sobre a realidade que tenho diante de mim, devo colocar-me a caminho”, desenvolve.
O padre Sérgio Leal observa que a palavra sinodalidade se tornou “da moda” e faz uma advertência para que “não se torne apenas um slogan repetitivo”, mas uma palavra que “traz uma marca grande à Igreja porque se trata, como diz o Papa, da identidade” eclesial.
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