Sínodo: «Fomos ouvidos, percebi que não estou sozinha» -Rita Sousa

Jovens portugueses participaram em vigília ecuménica de oração, no Vaticano, antes da próxima assembleia sinodal

Octávio Carmo, enviado da Agência ECCLESIA ao Vaticano

Cidade do Vaticano, 30 set 2023 (Ecclesia) – A vigília ecuménica de oração ‘Together’ (juntos), pela próximo Sínodo dos Bispos, levou este sábado ao Vaticano milhares de jovens de 50 países, incluindo vários portugueses que se mostraram emocionados com a celebração.

Rita Sousa, acompanhada pela sua família, assume “muita esperança no Sínodo”, após ter participado no processo de consulta e mobilização das comunidades católicas, lançado pelo Papa em 2021.

“Nos últimos anos assistiu-se a um êxodo, por parte de muitos jovens, mas não acredito que seja, de todo, por falta de espiritualidade, mas por alguma incongruência entre os valores propostos e a forma como a Igreja conduz as coisas. Este Sínodo é para isso: fomos ouvidos, percebi que não estou sozinha, que os meus amigos não estão sozinhos, os jovens têm uma ideia muito parecida de para onde querem caminhar”, disse à Agência ECCLESIA.

A jovem participou num workshop sobre a missão no mundo contemporâneo, que teve oradores de vários quadrantes, reforçando a ideia de que a unidade dos cristão não é “uniformização”.

“Para mim, a melhor definição de ser cristãos é viver no amor e por amor. Como é que podemos viver assim, se não for em unidade, aceitando as diferenças e construindo pontes, para todos?”, questiona.

A vigília ecuménica de oração decorreu na presença do patriarca ecuménico de Constantinopla (Igreja Ortodoxa), Bartolomeu, do arcebispo de Cantuária (Igreja Anglicana), Justin Welby, Anne Burghardt, primeira mulher a assumir o cargo de secretária-geral da Federação Luterana Mundial e outros responsáveis de Igrejas e comunidades cristãs.

“Ver todos estes líderes aqui, à nossa frente, fez-me lembrar aquilo que foi dito num dos Workshops, pelo reverendo Elijah Brown [Aliança Mundial Baptista]: isto não é sobre a uniformidade, mas sim sobre a união”, afirma Sara Sousa.

De Roma, a jovem portuguesa traz a vontade de que a Igreja possa “chamar ainda mais pessoas, para acreditarem em algo”.

“Existe uma comunidade que está pronta para os receber, ajudar quem precisar”, precisa.

Pedro Travanca fala de um dia “inspirador, motivador”, no contacto com pessoas de várias confissões cristãs.

“A forma como se expressam causa alguma inquietude, mas aquilo que é dito traz muita riqueza. Há muita coisa em comum e aquilo que nós achamos que é diferença é apenas uma complementaridade”, aponta.

O entrevistado saúda a “abertura muito grande” que o encontro ecuménico de hoje manifestou, considerando que se está perante um sinal “encorajador, num momento em que o mundo precisa tanto de paz e união”.

Rui Teixeira, jovem médico e presidente do Comité Europa Mediterrâneo da Conferência Internacional Católica do Escutismo (CICE), refere à Agência ECCLESIA que o Papa quis dar a palavra a outros líderes cristãos e aos jovens, de forma simbólica.

“Deixou que todos falassem e todos se expressaram, rezaram. E o Papa também sublinhou a importância do silêncio, mostrando que não queria falar por cima de ninguém”, assinala.

O responsável do CICE considera que Francisco tem marcado o seu pontificado pela intenção de “dar voz a muitos”, em particular às novas gerações.

“Existem formas de a nossa voz, sobretudo que a voz do diferente, daquele que se calhar não tem tanto poder de decisão, possa chegar, de alguma forma, às pessoas que nas próximas semanas vão estar a falar sobre temas tão importantes”, acrescenta, apontado à primeira sessão da próxima assembleia sinodal (4-29 de outubro).

Os quatro jovens partilham a experiência de ligação à comunidade ecuménica de Taizé, sediada na França, da qual partiu a ideia desta vigília ecuménica, por ocasião da XVI Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos.

Foto: Ricardo Perna

Durante a manhã, os participantes estiveram reunidos em vários ateliês, para debater temas como a crise dos refugiados, a missão junto de pessoas marginalizadas, o diálogo ecuménico e questões ecológicas.

Após estes trabalhos, a Basílica de São João de Latrão, em Roma, acolheu uma oração de louvor e adoração, seguida de uma peregrinação a pé até ao Vaticano.

Cerca de 4 mil jovens permanecem em Roma, até domingo à tarde, sendo alojados pelas paróquias locais.

Parceria Consistório e Sínodo/OC

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