Sínodo começa a abordar grandes questões da Igreja

Reflexão dos Bispos com horizonte alargado A XI Assembleia Ordinária do Sínodo dos Bispos começou esta manhã os seus trabalhos com uma reflexão alargada sobre as grandes questões da Igreja. O tema “A Eucaristia: fonte e cume da vida da Igreja” irá levar os participantes a abordar as grandes questões que preocupam os fiéis. O Sínodo dos Bispos pode ser definido, em termos gerais, como uma assembleia de Bispos que representa o episcopado de todo o mundo e tem como tarefa ajudar o Papa no governo da Igreja, com o seu conselho, para procurar soluções pastorais que tenham validade e aplicação universal. 256 Bispos de 118 países procuram, no Vaticano, sublinhar a importância da celebração eucarística, sobretudo nas assembleias dominicais, reforçando a mobilização das comunidades católicas desenhada por João Paulo II aquando da convocação do Ano da Eucaristia – que simbolicamente se encerra no último dia do Sínodo. A assembleia sinodal vai lançar um olhar em profundidade a muitos aspectos pastorais relacionados com a Eucaristia, mas não só. O primeiro grande evento eclesial após a eleição de Bento XVI é uma oportunidade privilegiada para discutir os assuntos que mais preocupam a Igreja e procurar novas respostas, apesar do carácter consultivo do Sínodo. Os assuntos que podem entrar na discussão são muitos, como já se viu nos primeiros momentos do Sínodo. Do ponto de vista litúrgico é quase certo que a questão dos “abusos” estará em cima da mesa e temas como a presença real de Cristo na Eucaristia não irão deixar de marcar presença na assembleia, seguindo as orientações do “Instrumentum Laboris” apresentado este ano. Nesse documento, ponto de partida das reflexões, é repetido que Cristo está verdadeiramente presente na Eucaristia e que, por isso, o Sacramento deve ser tratado com dignidade e partilhado apenas com os que têm a mesma fé. O problema principal é que os católicos perderam consciência da riqueza da celebração dominical e da participação na Eucaristia – bem como das implicações desta celebração na evangelização, na caridade e na justiça social. O texto insiste na unidade entre “o ensinamento da Igreja e a vida moral”, seja na esfera pessoal, seja nos campos culturais e da vida social. “Na liturgia o homem não olha para si, mas para Deus; não é o nosso louvor, mas a sua acção que faz a Eucaristia”, precisa. Grandes preocupações Para além desta base de trabalho, contudo, é certo que vários Bispos venham a apresentar problemas pastorais específicos, como a falta de padres ou a questão dos divorciados que voltaram a casar. Essa ideia esteve presente na “Relatio ante Disceptationem (Relatório antes da discussão)” apresentada pelo Cardeal Angelo Scola, Relator Geral do Sínodo. O Patriarca de Veneza introduziu os trabalhos com uma grande intervenção, na qual se destacou o olhar lançado às questões mais “mediáticas” que a Igreja vive nos nossos dias. Sobre a possível ordenação de homens casados, na ordem do dia por causa da falta de padres, o relatório sublinha que o celibato tem como base “profundos motivos teológicos”, apesar de reconhecer que a crise vocacional assume “proporções extremamente graves” de que são testemunhas numerosos Bispos. O Cardeal Scola defendeu o “valor profético e educativo do celibato” e sustentou que a Igreja não pode resolver esta questão “como uma empresa que se tem de dotar de uma determinada quota de quadros dirigentes”. Outro dos assuntos sensíveis abordados foi a situação dos católicos divorciados que voltaram a casar, com o Patriarca de Veneza a referir que a solução passa por uma melhor preparação para o matrimónio e pela extensão, quando necessário, dos processos de nulidade nos tribunais eclesiásticos. Sobre as implicações da vivências da Eucaristia na vida pública, o Cardeal Scola desafiou os católicos a construir “uma nova ordem mundial” que possa garantir a todos os povos “a possibilidade de um desenvolvimento equilibrado”.

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