Sínodo 2023: Cardeal D. António Marto fala em «imperativo» para toda a Igreja

Bispo de Leiria-Fátima assina nota pastoral, sublinhando novidades e rejeitando ideia de «sondagem sociológica»

Foto: C. M. Leiria

Leiria, 15 out 2021 (Ecclesia) – O cardeal D. António Marto, bispo de Leiria-Fátima, escreveu uma nota pastoral sobre o percurso sinodal promovido pelo Papa, apresentando o itinerário que decorre até 2023 como “imperativo” para a Igreja e rejeitando leituras de “sondagem sociológica”.

“É bom tomar consciência de que não se trata de uma sondagem sociológica, de uma série de reuniões e debates para recolher opiniões, de confronto de grupos reivindicativos, de um parlamentarismo católico em que tudo se decide por votação de maiorias e minorias”, aponta o responsável católico.

Para o cardeal português, o Sínodo é, antes de tudo, um “evento espiritual de discernimento”

“O Papa adverte-nos de que este processo sinodal é fácil de exprimir em palavras, mas não é assim tão fácil pô-lo em prática. Porém vale a pena”, acrescenta.

D. António Marto explica às comunidades católicas da diocese que, pela primeira vez na história dos sínodos, Francisco “desenhou um itinerário especial, um caminho sinodal em três fases (diocesana, continental e universal) e um método que garanta o envolvimento e participação de todo o povo de Deus”.

“Sinodalidade exprime um estilo ou modo de viver e agir da Igreja, Povo de Deus, que caminha em comunhão de todos com Deus e com os irmãos”, aponta.

Este sínodo dos bispos começa precisamente com a consulta ao povo de Deus em cada diocese. É bom tomar consciência de que a consulta já faz parte do processo sinodal. Constitui o seu primeiro ato imprescindível. Não é apenas para responder a um questionário”.

Este processo, observa o bispo de Leiria-Fátima, implica “a participação e corresponsabilidade de todos” para “discernir caminhos, opções e propostas pastorais”.

A nota propõe a passagem de uma “Igreja clerical a Igreja sinodal e missionária”.

A fase diocesana vai começar na Sé de Leiria, este domingo, com um encontro e a celebração da Missa, a partir das 16h30; a cerimónia terá transmissão online e na Canção Nova, com a presença dos delegados sinodais e dos membros dos conselhos pastoral e presbiteral da diocese.

Após esta sessão de abertura vai seguir-se um “tempo de escuta e discernimento nos vários conselhos paroquiais e diocesanos, nas comunidades religiosas, movimentos e grupos”, que culmina numa assembleia sinodal diocesana, a 2 de abril de 2022, em que será apresentada uma síntese da reflexão dos vários grupos, para ser enviada ao Secretariado da Conferência Episcopal e tornada pública na diocese.

A fase diocesana encerra-se com a celebração eucarística da peregrinação a Fátima, no dia 3 de abril.

A equipa de Leiria-Fátima é presidida pelo padre José Augusto Rodrigues, para “dinamizar e coordenar a participação diocesana”.

“Esta fase diocesana é muito importante. Por um lado, permite a consulta e a participação mais amplas e envolventes possíveis do maior número de fiéis, inclusive dos pobres, marginalizados, vulneráveis e excluídos, de modo a escutar a sua voz e a sua experiência e até de pessoas de boa vontade que nem sequer sejam membros da Igreja”, escreve D. António Marto.

A assembleia do Sínodo, convocada pelo Papa Francisco, tem como tema ‘Por uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão’.

OC

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