Participantes vão debater novas soluções para as comunidades católicas e ameaças que enfrentam as populações da região
Cidade do Vaticano, 07 out 2019 (Ecclesia) – O Papa deu hoje início aos trabalhos do Sínodo especial para a Amazónia, no Vaticano, com um momento de oração junto ao túmulo de São Pedro, acompanhado por dezenas de representantes indígenas e missionários católicos.
A cerimónia contou com a presença simbólica de uma canoa amazónica, acompanhada por cartazes com imagens de mártires da região.
Os participantes na assembleia – bispos, religiosos, especialistas em temas sociais e ecológicos e outros convidados -, percorreram em procissão a nave central da basílica e parte da Praça de São Pedro, antes de chegar à sala do Sínodo, no auditório Paulo VI, ao som de cânticos em espanhol e português sobre a vida na região pan-amazónica.
O documento de trabalho para o Sínodo especial dos Bispos de 2019 admite a ordenação sacerdotal de homens casados, “preferencialmente indígenas”, tendo em mente a celebração dominical da Eucaristia nas regiões mais remotas da Amazónia.
O texto que vai orientar os trabalhos, que decorrem até 27 de outubro, aborda o tema dos “novos ministérios” para responder às necessidades dos povos amazónicos.
“Afirmando que o celibato é um dom para a Igreja, solicita-se que, para as áreas mais remotas da região seja estudada a possibilidade de ordenação sacerdotal para anciãos, preferencialmente indígenas, respeitados e aceites pela sua comunidade, mesmo que já tenham família constituída e estável, a fim de garantir os sacramentos que acompanham e sustentam a vida cristã”, pode ler-se.
Outro ponto passa por “identificar o tipo de ministério oficial que pode ser conferido às mulheres”, tendo em consideração “o papel central que hoje desempenham na Igreja amazónica”.
A assembleia especial do Sínodo dos Bispos para a Amazónia, convocada pelo Papa Francisco, congrega representantes católicos do Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana Francesa, Guiana, Peru, Venezuela e Suriname.
Após dois anos de consultas à população da região, o Vaticano denuncia a exploração levada a cabo por interesses económicos que ameaçam o “pulmão do planeta” e os direitos dos povos indígenas.
“A vida na Amazónia está ameaçada pela destruição e exploração ambiental, pela violação sistemática dos direitos humanos elementares da população amazónica. De modo especial a violação dos direitos dos povos originários, como o direito ao território, à autodeterminação, à demarcação dos territórios e à consulta e ao consentimento prévios”, assinala o documento de trabalho da assembleia especial.
O texto conta com o contributo das comunidades locais, que apontam o dedo a “interesses económicos e políticos dos setores dominantes”, em particular “empresas extrativistas, muitas vezes em conivência, ou com a permissividade dos governos locais, nacionais e das autoridades tradicionais”.
Entre as ameaças elencadas estão “os grandes interesses económicos, ávidos de petróleo, gás, madeira, ouro, monoculturas agroindustriais”, bem como “megaprojetos de infraestruturas, como as hidroelétricas e estradas internacionais, e atividades ilegais vinculadas ao modelo de desenvolvimento extrativista” de minérios.
OC
Peço a vocês que acompanhem com a oração este importante evento eclesial, a fim de que seja vivido na comunhão fraterna e na docilidade ao Espírito Santo, que sempre mostra os caminhos para o testemunho do Evangelho. #SinodoAmazonico https://t.co/npP40UQHuG
— Papa Francisco (@Pontifex_pt) October 7, 2019