Sínodo 2018: Jovens são a «língua comum» da Igreja, diz bispo de Díli

D. Virgílio do Carmo da Silva sublinha diversidade de realidades eclesiais e importância de implementar ações em cada diocese

Foto: Ricardo Perna/Família Cristã

Octávio Carmo, enviado da Agência ECCLESIA ao Vaticano

Cidade do Vaticano, 22 out 2018 (Ecclesia) – O bispo de Díli, D. Virgílio do Carmo da Silva, afirmou que o Sínodo dos Bispos que está a decorrer no Vaticano mostrou que os jovens são a “língua comum” da Igreja em todo o mundo.

“Mesmo que vivamos em várias circunstâncias, temos uma língua comum: a juventude. Esta realidade convida-nos a fazer um caminho de redescoberta, voltar às origens da Igreja, escutar, evangelizar, caminhar com os jovens”, referiu à Agência ECCLESIA o representante da comunidade católica de Timor-Leste na assembleia sinodal, dedicada às novas gerações.

O responsável falou numa “experiência única” para si, que lhe tem permitido contactar com diferentes realidades da Igreja no mundo.

“Uma das palavras-chave deste Sínodo é escutar: escutar os jovens, aprender, ouvir os bispos e procurar interpretar, com a perspetiva da fé, para implementar ações”, precisou.

O bispo de Díli vem de um país de maioria católica num contexto geográfico em que o Cristianismo é maioritária, uma situação que despertou curiosidade noutros participantes.

“Na maior parte das Igrejas, no mundo, o número de católicos está a descer, mas em Timor é ao contrário. Isso é uma esperança, também, para a Igreja”, assinalou D. Virgílio do Carmo da Silva.

As três dioceses católicas em Timor contam, neste momento, com 150 seminaristas nos últimos anos de formação académica, um número que no próximo ano se vai aproximar dos 190.

“O nosso problema é saber onde colocar todos estes seminaristas, esta é a nossa realidade. Enquanto uma parte da Igreja experimenta a quebra, a falta de vocações, outra partes têm muitas, dão esperança à Igreja”, disse o bispo de Díli.

“Da nossa parte, com esta realidade, encorajamos os nossos jovens para uma Igreja em saída, não só para Timor, missionária, através de várias congregações religiosas”, acrescenta.

O responsável timorense fala numa realidade de “contrastes”, no país lusófono, onde o advento das novas tecnologias acontece ao mesmo tempo que parte da população regressa a “práticas antigas”.

“A tarefa da Igreja é fazer uma nova evangelização, para levar a mensagem de Cristo a esta nova realidade, é a grande tarefa da comunidade católica em Timor, temos de multiplicar os nossos esforços, aposta na qualidade dos nossos formadores, educadores”, precisa.

O religioso salesiano foi nomeado bispo de Díli a 30 de janeiro de 2016, pelo Papa Francisco; na sua primeira participação num Sínodo, D. Virgílio do Carmo da Silva admite que por vezes há uma visão excessivamente centrada na Europa, mas sublinha que “a utilidade do Sínodo depende de cada Igreja local, porque é necessária uma conversão dentro da Igreja, os bispos, os padres, os religiosos, uma mudança de mentalidade, de atitude, na relação com os jovens”.

“É certo que há muitas coisas orientadas para a realidade europeia, mas quando falamos da tenologia, dos media, da globalização, isso também afeta Timor, por exemplo”, conclui.

A 15.ª assembleia geral ordinária do Sínodo dos Bispos, com o tema ‘Os jovens, a fé e o discernimento vocacional’, decorre até 28 de outubro.

A Conferência Episcopal Portuguesa está representada por D. Joaquim Mendes – bispo auxiliar de Lisboa e presidente da Comissão Episcopal do Laicado e Família -, e D. António Augusto Azevedo – bispo auxiliar do Porto e presidente da Comissão Episcopal das Vocações e Ministérios.

OC

A reportagem do Sínodo dos Bispos é realizada em parceria para a Agência Ecclesia, Família Cristã, Flor de Lis, Rádio Renascença e Voz da Verdade

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