Sínodo 2018: Cristãos perseguidos e temática das drogas são temas «em falta» no encontro

Responsável pelo setor do Desenvolvimento Humano na Santa Sé realçou importância de ajudar os mais novos a «darem um rumo à vida»

Foto Vatican News Service

Cidade do Vaticano, 16 out 2018 (Ecclesia) – O cardeal Peter Turkson, presidente do Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral, salientou no Sínodo dos Bispos dedicado aos jovens que é preciso “alargar o conceito de vocação” no que toca aos mais novos.

Numa conferência de imprensa esta terça-feira no Vaticano, integrada na conclusão da segunda parte do instrumento de trabalho (instrumentum laboris) do Sínodo, o cardeal ganês referiu que a principal finalidade deste grande encontro deve ser “ajudar os jovens a definirem as linhas orientadoras das suas vidas, de modo a que estas sejam significativas para a sociedade e para eles mesmos”.

“Quanto mais ouvimos os jovens, mais nos apercebemos que precisamos de ajudá-los a escrever os seus manuais de vida”, salientou aquele responsável, para quem um dos aspetos que devem ser cuidados pela Igreja é a componente vocacional dos jovens.

“Aqui temos debatido o sentido tradicional da vocação, que diz respeito à vocação sacerdotal, religiosa e missionária. A dificuldade está precisamente em alargar este conceito a outras dimensões da vida e ajudar os jovens a perceberem isto, que tudo o que fizerem na vida com um sentido de vocação, será também uma oferta de si próprios a Deus”, frisou D. Peter Turkson.

Para este membro da comissão responsável pela redação do documento final deste Sínodo dos Bispos, que se vai prolongar até dia 28 de outubro, cabe também à Igreja Católica apoiar os mais novos com as linhas da sua “doutrina social” e sobretudo no que diz respeito aos princípios básicos da vida.

“O que é a dignidade humana, o que é a solidariedade, o bem comum, acreditamos que estes princípios podem ajudar os mais novos a dar um rumo às suas vidas”, completou o presidente do Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral.

Nesta conferência de imprensa estiveram também presentes o cardeal Louis Sako, patriarca iraquiano; o arcebispo Jaime Spengler, da diocese brasileira de Porto Alegre; e a irmã espanhola María Luisa González, da Escola Católica e Educação Popular, e diretora da revista ‘Fé e Alegria’, também em representação das congregações femininas no Sínodo.

O cardeal Louis Sako, que está a participar no seu 4.º Sínodo dos Bispos, realçou a importância de falar também dos jovens cristãos perseguidos, e de procurar soluções para este drama.

“Eu venho de um país muito sofrido, e infelizmente no instrumento de trabalho os problemas são mencionados, os refugiados são mencionados, mas não há nenhuma menção aos jovens cristãos perseguidos”, apontou aquele responsável, que considera que “os bispos e padres” têm neste campo “uma grande responsabilidade”.

“Eles são ministros, eles são pais que devem acompanhar e ouvir estas pessoas, compreender a sua situação, não a nossa situação, porque a deles é diferente, e temos de ouvir os seus sonhos, esperanças e medos”, salientou.

Outra questão destacada pelo patriarca do Iraque disse respeito ao número reduzido de jovens que estão presentes no Sínodo.

“Esperava ter mais jovens neste Sínodo dos Jovens, nós padres somos 368 e os jovens são apenas 34, de facto são muito poucos. Mas temos tido partilhas extraordinárias, cada um de nós pode falar da sua experiência, e este diálogo vai ajudar a mudar a nossa pastoral”, sustentou D. Louis Sako.

Sobre a questão da vocação, o cardeal iraquiano frisou que os jovens do seu país “têm medo de adotar o sacerdócio, ou o casamento, porque têm medo de falhar”.

E que neste Sínodo “o que importa não é o documento final” mas sim “o que é que a Igreja pode dar, pode oferecer aos mais novos, aos fiéis, que ânimo, que esperança”.

O arcebispo de Porto Alegre, D. Jaime Spengler, manifestou no encontro com os jornalistas o desejo de ver mais debatido no Sínodo “a questão das drogas, que marca a vida de tantos jovens e famílias”.

Um desafio “doloroso” mas que a Igreja Católica não tem deixado de procurar enfrentar no terreno, de modo a “ajudar os mais novos a encontrarem o seu caminho de regresso”, completou.

Quanto à irmã espanhola María Luisa González, que está presente no Sínodo com mais seis religiosas em representação das congregações femininas católicas, saudou a forma como a Igreja Católica está a promover um contributo mais efetivo por parte das mulheres.

“Vejo uma Igreja mais inclusiva e que nós estamos mais presentes na vida eclesial”, disse a religiosa.

JCP

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