Sínodo 2015: Igreja ao lado das vítimas de violência doméstica e maus-tratos

Relatório final reafirma «tolerância zero» para casos de abusos sexuais

Octávio Carmo, enviado da Agência ECCLESIA ao Vaticano

Cidade do Vaticano, 25 out 2015 (Ecclesia) – O Sínodo dos Bispos sobre a família, que o Papa encerrou hoje, deixou uma mensagem de solidariedade às vítimas de violência doméstica e de maus-tratos, além de reafirmar “tolerância zero” para casos de abusos sexuais.

“A prevenção e a resposta aos casos de violência familiar exigem uma colaboração estreita com a justiça para agir contra os responsáveis e proteger adequadamente as vítimas”, refere o relatório final, com 94 pontos, entregue a Francisco.

Os participantes dos cinco continentes, reunidos no Vaticano desde 4 de outubro, defendem também a necessidade de promover a proteção dos menores de abusos sexuais.

“Que seja mantida na Igreja a tolerância zero nestes casos, juntamente com o acompanhamento das famílias”, propõem.

O texto sugere um “ministério” específico nas comunidades católicas para os que vivem crises matrimoniais, o “drama da separação” e para as famílias monoparentais.

Neste sentido, alude-se à situação de quem foi “abandonado” e de quem foi “obrigado a interromper uma relação marcada por contínuos e graves maus-tratos”.

Para esta ação específica são propostos “centros de escuta e mediação especializados”, em cada diocese, que ajudem à reconciliação matrimonial.

“A experiência mostra que com uma ajuda adequada e com a ação reconciliadora da graça do Espírito Santo, uma grande percentagem das crises matrimoniais são superadas de forma satisfatória”, pode ler-se

O documento conclusivo da assembleia sinodal recorda que é sempre necessário, na vida familiar, um desejo de conversão e de perdão, mesmo nos casos “mais dolorosos”, como os de “infidelidade conjugal”

Quando a relação chega ao fim, contudo, a Igreja “sente o dever de acompanhar este momento de sofrimento”, procurando evitar conflitos, com “particular atenção” para os filhos.

“A comunidade cristã e os seus pastores têm o dever de pedir aos cônjuges separados e divorciados que se tratem com respeito e misericórdia, sobretudo pelo bem dos filhos”, sublinha o relatório final.

A este respeito, sugere-se que estas pessoas procurem “caminhos espirituais, acompanhados por ministros especializados”.

O documento lembra ainda a recente alteração jurídica promovida pelo Papa a respeito dos processos para a “eventual declaração de nulidade matrimonial”.

Os participantes no Sínodo deixam o seu reconhecimento aos que, tendo vivido situações difíceis, optam por não começar uma nova relação, “permanecendo fiéis ao vínculo sacramental”.

Outro tema abordado é o das famílias em que existe um “prolongado afastamento físico” de um dos seus membros, como acontece com os militares em combate.

“Regressados dos ambientes de guerra, eles são muitas vezes afetados por uma síndrome pós-traumática”, alertam os participantes no Sínodo, pedindo um acompanhamento pastoral específico para estes casos.

OC

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