«É uma mensagem que nós também tentamos transmitir-lhe no dia-a-dia. Todos eles têm direito a uma oportunidade», disse diretor do estabelecimento prisional

Silves, 18 nov 2021 (Ecclesia) – Os símbolos da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) estiveram junto dos reclusos do Estabelecimento Prisional de Silves, que acolhe 63 reclusos, de várias nacionalidades.
O diretor do estabelecimento disse que a visita da cruz peregrina e do ícone mariano procuraram ser para os reclusos “um sinal de esperança, de força, de alento” para encontrarem um novo rumo “quando regressarem à sociedade”.
“É uma mensagem que nós também tentamos transmitir-lhe no dia-a-dia. Todos eles têm direito a uma oportunidade. Para regressarem à sociedade têm de encontrar um novo rumo para as vidas deles”, referiu Ricardo Torrão, ao jornal ‘Folha do Domingo’, da Diocese do Algarve.
O Estabelecimento Prisional de Silves acolhe 63 reclusos, de várias nacionalidades, e cerca de 50 quiseram participar na visita dos dois símbolos da Jornada Mundial da Juventude.
Os reclusos foram convidados a estar junto da cruz e do ícone mariano, a tocar-lhes, fazer a sua oração pessoal e tiveram um momento de oração.
“A grande alegria do nosso Deus é quando um dos seus filhos muda de vida, reconhece que aquilo que trouxe no seu coração até aos dias de hoje não lhe trouxe a felicidade e que há uma felicidade nova que deve ser acolhida”, disse o padre Nelson Rodrigues, que acompanha a comunidade prisional.
O sacerdote, pároco de Silves, visita o Estabelecimento Prisional local semanalmente, para um encontro de “catequese com todos”, na primeira terça-feira do mês, e nas restantes para atendimentos pessoais – confissões, direção espiritual – e, aos sábados, os reclusos são visitados por uma equipa da paróquia algarvia.
Para o diretor da instituição, Ricardo Torrão, esse apoio espiritual “é fundamental”: “É alguém que vem de fora, com um olhar diferente, menos julgador do que foi a conduta do recluso”.
“O sistema colocou-nos aqui. Estamos aqui a cumprir uma pena ou à espera de a conhecer, mas aos olhos de Deus sou um filho tão amado como qualquer outro: Não sou menos amado do que o padre, também não sou mais amado do que o padre. E quando descobrimos este amor na nossa vida temos as forças necessárias para nos transformarmos. Posso fazer um upgrade à minha vida, ser muito mais, elevar-me a um nível que ninguém acredita, porque Deus acredita em mim”, desenvolveu o padre Nelson Rodrigues.



O sacerdote, que pertence à equipa do Setor da Pastoral Prisional da Diocese do Algarve, lembrou que alguns reclusos já vão conseguir participar na próxima edição internacional da JMJ, em Lisboa, de 1 a 6 de agosto, de 2023.
“Preparem-se espiritualmente para esse encontro. Seria muito bom podermos acolher o convite do Senhor a uma vida transformada e depois celebrá-la com o Papa em Lisboa em 2023”, acrescentou o pároco de Silves.
Os símbolos da JMJ estão a percorrer a Diocese do Algarve até dia 27 de novembro, e já visitaram os três estabelecimentos prisionais da região.
A Cruz da JMJ foi entregue pelo Papa João Paulo II aos jovens em abril de 1984, e o ícone de Nossa Senhora ‘Maria Salus Populi Romani’, no ano 2000.
CB/OC