Sheik Munir condena respostas violentas do Islão

O Sheik David Munir condena a violência como resposta a qualquer provocação ao Profeta e diz que a leitura do Corão exige mais racionalidade e recurso à tradição para não ser lido literalmente. O Chefe máximo da comunidade islâmica de Portugal, falava em Viana do Castelo, anteontem à noite, na abertura da XVI Semana de Estudos Teológicos na qual se procura perceber “As religiões do Livro”, os seus textos e contextos, para«conhecer o outro, o seu credo a partir de si mesmo» e não das ideias preconcebidas, em ordem a um «diálogo e aproximação efectiva», sublinhou o Director da Escola Superior de Teologia e Ciências Humanas. O Sheik da Mesquita de Lisboa trouxe a Viana o desafio da inquietação das pessoas esperando que façam «pesquisas» para conheceram um pouco mais esta religião que «não chama infiéis» a Cristãos e Judeus, mas pelo contrário, apresenta-os como sábios porque «conhecem e são adeptos» do Livro. Procurando estabelecer pontes, este responsável máximo, explicou que algumas das situações que perpassam pela comunicação social que estabelecem imagens estereotipadas daquela cultura, não correspondem efectivamente ao conteúdo do Texto Sagrado e da Suna, uma segunda fonte do Islamismo onde é relatado o modo de fazer e actuar do Profeta Maomé. Ao explicar que é necessário conhecer a diversidade dos versículos revelados e do seus conteúdo, os primeiros em Meca e depois em Medica, David Munir reconhece que há muitas coisas que «não são permitidas» e que estão a «ser mal feitas ou aplicadas» em alguns países islâmicos, desde as reacções explosivas queimando bandeiras, até à aplicação da Sharia, embora «doa sempre quando o Profeta é atacado ou provocado». O Islamismo, posterior ao Cristianismo, recebeu deste muitos apoios no início do seu percurso histórico, e muitas das personagens da História da Salvação são comuns. Quando Maomé deixa Meca, acusado de ser doido e impostor após a apresentação das primeiras revelações (recebidas em 610) que revolucionam a cultura de então, os líderes desta cidade planeiam atacar Meca para destruir esta nova “seita”. Os muçulmanos de então encontram acolhimento e refúgio junto de um Rei cristão, daí que o Islão «valorize muito isso», explicou. Por outro lado, os seguidores do Profeta também foram perseguidos e viveram a clandestinidade no meio daqueles povos, sem liberdade para praticarem a sua religião. O Corão, com os seus 144 capítulos e mais de seis mil versículos, «só permite a guerra como defesa e não como ataque», frisou Shiek para sublinhar a necessidade de uma cada vez maior aprofundamento e enquadramento da interpretação do texto com a tradição. Este «código de vida é um oceano onde quanto mais mergulhamos mais aprendemos». No Islão, ao contrário da ideia feita, prevalece a monogamia sobre a poligamia, sublinhando que o «casamento é um acordo e que tudo quanto for mencionado é sagrado». Se a mulher, por exemplo, mencionar no acto do casamento que não dá o consentimento para que ele tenha outras mulheres, passa a ser a detentora da «chave da poligamia», além de que só um fica com o «poder de dar o divórcio», cabendo ainda um papel à «comunidade» em caso de dificuldade na obtenção de um consenso. Numa tradição de respeito pelo Homem e concebendo a riqueza como dom de Deus, o Profeta manda distribuir pelos mais pobres 2, 5 por cento de toda a riqueza obtida por cada um. Paulo Gomes, Notícias de Viana

Partilhar:
plugins premium WordPress
Scroll to Top