Sexta-feira Santa: «É o dia da morte de Jesus, aquele que amou até ao fim» – Frei Flipe Rodrigues

Religioso dominicano assinala que Jesus «continua a morrer» nos mártires cristãos e nas «pessoas que sofrem»

Lisboa, 10 abr 2020 (Ecclesia) – Frei Flipe Rodrigues, religioso dominicano, disse que Sexta-feira Santa é um dia de silêncio que “fala” porque os fiéis têm diante de si o cruxificado, “é o dia da morte de Jesus, aquele que amou até ao fim”.

“Não podemos ver a Sexta-feira como uma velório, ou uma coisa do passado, mas temos de olhar para a cruz com sentimento de amor, com sentimentos de gratidão, com sentimentos de solidariedade, porque Cristo continua hoje crucificado em muitos homens e muitas mulheres da nossa sociedade e da nossa história”, disse o membro da Ordem dos Pregadores à Agência ECCLESIA.

Frei Flipe Rodrigues acrescenta que Jesus continua a morrer nos mártires cristãos, nas pessoas que “sofrem, que são incompreendidas, em tantas pessoas injustiçadas”.

Ao longo desta Semana Santa, o frade dominicano tem proposto reflexões a partir da liturgia diária e nesta Sexta-feira Santa destaca a Via-Sacra, nas 14 estações das cenas da Paixão de Cristo estão também “as pessoas que cuidaram de Jesus”, como Maria que o acompanha “na caminhada para o Calvário” e Verónica que “enxuga o rosto ensanguentado de Jesus”, o Cireneu que “ajuda a levar a cruz” e as mulheres de Jerusalém que “choram com pena” e José de Arimateia que preparou um túmulo para Jesus.

A atualidade é enorme porque a Cruz de Jesus ilumina a nossa cruz e devemos ser estas personagens da Via-Sacra na vida dos outros, não estamos no mundo para calcar a cruz dos outros, mas para aliviar”.

O sacerdote explica que quando se encontra “um pobre é Jesus” ou quando se acolhe um refugiado, e quando se dá “dignidade às mulheres”, e os cristãos são chamados “a cada ser humano a quem a dignidade foi tirada ou foi injustiçado”.

Neste contexto, salienta ainda da última parte do Evangelho da Paixão de São João que as personagens junto à cruz – “Maria e o discípulo amado” – são “os que não desistem de amar até ao fim”.

“É muito importante nos tempos que vivemos agradecer a Deus estas pessoas que diante deste coronavírus e tantas outras – médicos, enfermeiros, cuidadores, voluntários – estão ao de pé junto à cruz de Jesus para os acompanhar e para lhes dar a dignidade que a vida lhes tirou”, desenvolveu.

No terceiro dia do Tríduo Pascal, durante uma vigília celebrativa, a Igreja assinala a ressurreição de Jesus; frei Flipe Rodrigues sugere, por exemplo, bater “palmas às 22h00 a dizer que Jesus está ressuscitado ou ligar aos irmãos na fé, para “dizer como os cristãos ortodoxos, ‘Cristo ressuscitou, aleluia’, e dar “a paz de Cristo” às outras pessoas através das redes sociais como WhatsApp, Instagram, Twitter.

“Somos chamados nesta Páscoa a virtualmente darmos a todos os anúncio da ressurreição de Jesus, esperando, porque a Páscoa são 50 dias, que a Igreja se possa reunir para cantar toda junta o grande cântico de vitória ‘aleluia’”, acrescentou.

LS/CB/OC

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Agência ECCLESIA

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