Sesimbra: florir janelas e portas no dia 1 de Maio

Pelo segundo ano consecutivo, a Paróquia de Santiago – Sesimbra propõe-se levar a cabo a realização do enfeite (arranjo com flores) das portas e das janelas das casas da freguesia, no próximo dia 1 de Maio. Esta iniciativa está inserida nas Festas do Senhor Jesus das Chagas, sendo, por isso, enfeitada a porta da Igreja Matriz. Deste modo deseja-se que as casas da freguesia de Santiago dêem uma expressão de fé e de alegria… interior e exterior, tanto para si mesmos como para quem possa visitar Sesimbra, por ocasião das festas em honra do Senhor das Chagas, cuja procissão se efectua no dia 4 de Maio. Com efeito, o 1.º de Maio é o ‘dia das maias’ e comemora-se em Portugal, geralmente, com a colocação das «maias», ou seja, de giestas ou flores, sob diversas formas (ramalhetes ou grinaldas), em portas e janelas, tanto de casas como de automóveis. Numa certa linguagem popular Maio é considerado o ‘mês dos burros’. Ora pela colocação de giestas (‘maias’), que se faz na noite de 30 de Abril para 1 de Maio de modo a que as casas estejam floridas no momento em que começa o dia, para que o «maio», o «carrapato» ou o «burro» não entrem. O «maio» ou o «burro», sendo entidades nocivas, cujo malefício se pretende esconjurar com a colocação de flores, tornam-se, assim, símbolos da preguiça como fonte de mal pessoal, familiar e social. Certos rituais pagãos estavam ligados ao rito da fertilidade para com o novo ciclo da natureza, pela celebração da Primavera ou o início de um novo ano agrícola. Mais tarde, houve a necessidade de lhe incutir algum sentido religioso, promovendo a sua ligação à Festa da Santa Cruz ou ao Corpo de Deus. Repara no que se faz na Festa do Senhor Jesus das Chagas, em Sesimbra, com a ornamentação da imagem com flores para sair na procissão. Nos variados aspectos, por vezes tão distintos, das celebrações do 1.º de Maio, ter-se-ia pois operado um sincretismo de práticas e crenças, talvez de origens diferentes mas todas convergentes, recobrindo a obscura ideia, que subsiste no espírito do homem, da necessidade de desencadear formas efectivas de protecção e de esconjuro a opor à insegurança da vida e à ameaça constante do mal.

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