A actual conjectura nacional e internacional, da qual escolho dois exemplos, levam-me a dar algumas opiniões pessoais, não como alguém que dá o seu parecer só por dá-lo, mas como leigo católico que sou, estado de vida que me leva a tomar parte activa na nossa sociedade e no desenvolvimento da res publica. Primeiramente, gostaria de manifestar o meu espanto pela, talvez, despropositada, afirmação do Presidente da República Portuguesa, por ocasião da sua visita oficial à Turquia: «a Europa não é um clube cristão». Na verdade, a Europa não é, nem nunca será um «clube», ou «lobby» cristão, primeiro porque o cristianismo não é um desporto e em segundo lugar, porque nós, os cristãos, não estamos envolvidos em nenhum campeonato, onde uns ganham, outros perdem, ou empatam. Ser cristão não é competir com os outros que têm uma religião diferente, ou até que se declaram sem credo, mas sim lutar pelo bem comum, e pela promoção da pessoa humana à luz da mensagem de Jesus Cristo. Em seguida, apraz-me falar da recente polémica em torno da possível publicação de um documento, pelo Vaticano, contendo normas de forma a evitar abusos da celebração da Eucaristia. Parece-me que tudo não passa de simples especulação, pois se verificar-mos o processo evolutivo da Liturgia, desde a publicação à 40 anos, no Concílio Vaticano II, da Sacrossanctum Concilium, documento que trata da Sagrada Liturgia, do Missal Romano de Paulo VI e respectiva Introdução Geral (recentemente revista), do Código de Direito Canónico de 1983 e de muitos outros documentos do Magistério, não vejo donde partirão estas «ideias luminosas» de que tanto se falou na passada semana. Sem termos em mãos o tão falado documento, tudo o que se disser é puro embuste, e tentativa, no meu ponto de vista, de lançar confusão entre os fiéis e descredibilizar o magistério de João Paulo II, aproveitando os rumores da sua debilidade física, para por em causa a sua lucidez e autoridade apostólica. Sérgio Carvalho