A Igreja Católica em Portugal está a lançar uma reflexão alargada sobre a realidade do emprego no nosso país, que culminará com a realização da Semana Social de 2006. As Semanas Sociais, com larga história na Igreja moderna (as Semanas Sociais francesas comemoraram o seu centenário em 2004), constituem um lugar privilegiado para a sensibilização social dos cristãos e das comunidades cristãs. Estas iniciativas são uma referência na concretização da Doutrina Social da Igreja, momentos em que os Cristãos, com a ajuda de numerosos parceiros sociais e técnicos, sobretudo em teologia, filosofia, ciências sociais e economia, lançam um novo olhar sobre o trabalho humano, procurando uma justa evolução da sociedade na perspectiva do bem comum. O olhar centra-se sobre as mudanças necessárias nas políticas em matéria de trabalho e de protecção social. Num mundo onde o aspecto económico prevalece muitas vezes sobre as decisões da vida pública, as Semanas Sociais procuram reencontrar uma justa hierarquia de valores, pondo bem no primeiro lugar o homem e a mulher que trabalham e cuja dignidade é inalienável, assim como o valor da família. A aparição de novas tecnologias, a redução do tempo de trabalho, os fenómenos da mundialização e de profundas mudanças deixam ver uma certa crise do sentido e do valor do trabalho, desafiando os católicos de todo o mundo a promoverem uma séria reflexão nestes âmbitos. Em Portugal, as Semanas Sociais passaram por dois períodos fortes, mas no segundo não se alcançou o impacto esperado na comunidade cristã e na sociedade portuguesa. Acresce que a rápida evolução dos acontecimentos está a exigir novos modelos que é urgente descobrir e pôr em prática. Para ter uma maior capacidade de irradiação na sociedade portuguesa, as Semanas Sociais devem assumir como objectivos: – a difusão, aprofundamento temático e actualização da Doutrina Social da Igreja; – a oferta aos cristãos de uma análise, social e teológica, do tema proposto para cada Semana; – o diálogo com os vários actores sociais na procura de soluções para uma melhor organização da sociedade; – a assunção, por parte de cada participante, do compromisso de intervenção nas estruturas sociais e eclesiais em que se insere.