Semana Santa: Pandemia obriga a atitude de responsabilidade, sem perder memória das tradições – padre Joaquim Ganhão (c/vídeo)

Especialista em Liturgia convida a «reinvenção» das manifestações exteriores, no ambiente familiar

Lisboa, 29 mar 2021 (Ecclesia) – O diretor do Secretariado Diocesano da Liturgia de Santarém disse à Agência ECCLESIA que a pandemia apela à “responsabilidade” dos católicos, na celebração da Páscoa, sem que se deixem de “valorizar e manter” as tradições associadas à festa maior do Cristianismo.

“No ambiente português, as tradições em torno da Páscoa são felizmente muitas e são de valorizar e manter, mas este tempo apela para a responsabilidade de modo a podermos contribuir, como cristãos, para o bem de todos nesta situação de pandemia”, refere o padre Joaquim Ganhão, numa entrevista emitida hoje no programa Ecclesia, na RTP 2.

Em 2021, as celebrações da Semana Santa, iniciada este domingo, decorrem sem “manifestações pelas ruas” e as circunstâncias da pandemia têm obrigado a “repensar muitas coisas, mas o foco está na Páscoa”, disse o sacerdote.

Face à crise provocada pela Covid-19, os cristãos têm sido aconselhados a conter “os ímpetos de exteriorização” e isso ajuda a uma “maior concentração” no essencial da celebração pascal, segundo o especialista.

A Páscoa “não deixa de ser a Páscoa” por causa das limitações impostas pela pandemia, frisou o padre Joaquim Ganhão.

No lugar das procissões e manifestações pascais, o pároco da Sé de Santarém aconselha a “reinvenção de momentos” familiares, nas próprias casas, uma forma de enriquecer a quadra pascal.

A entrevista passa em revista os momentos centrais do calendário católico, o Tríduo Pascal, antecedido pela Missa Crismal, na manhã de Quinta-feira Santa, quando cada bispo celebra com o clero diocesano, no “último momento de preparação da Páscoa”.

Nesta celebração, toda a Liturgia “acentua o sacerdócio, tanto ministerial como comum”.

“Neste dia, os padres fazem a renovação das promessas sacerdotais” e “são benzidos os óleos”, explica o especialista em Liturgia.

Apesar de ser possível a presença física de fiéis, “não se pode ter as igrejas cheias” e nestas circunstâncias as transmissões online têm “sido um grande serviço”, sublinhou o entrevistado.

Foto: Lusa

Na tarde de Quinta-feira Santa, a celebração está centrada na instituição da Eucaristia, com a Missa da Ceia do Senhor, “o grande pórtico do Tríduo Pascal”.

A pandemia impede a realização do gesto “muito significativo” do lava-pés, que evoca o “exemplo de humildade de Cristo”.

O silêncio e a adoração da Cruz são as marcas da Sexta-Feira Santa, dia em que a Igreja Católica recorda a morte de Jesus Cristo e os “sinais falam mais do que as palavras”.

“Atraídos pela Cruz de Cristo contemplamos a radicalidade do amor de Deus por todos nós”, salienta o padre Joaquim Ganhão.

Depois da morte e sepultura de Jesus, a Igreja “entra no grande silêncio” no Sábado Santo.

“É um silêncio sacramental e sinal eloquente da nossa história”, acrescenta o diretor do Secretariado Diocesano da Liturgia de Santarém.

Deste silêncio “irrompe a festa da Vigília Pascal”, na qual a comunidade católica “revive toda a história da criação do mundo” e “acende a luz do mundo novo”.

“É a noite do nascimento dos filhos da Igreja”, conclui o entrevistado.

PR/LFS/OC

Covid-19: Semana Santa com celebrações presenciais, sem procissões nem visitas pascais

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