Semana Santa: Grupo Gólgota recria há 25 anos os últimos passos de Cristo

Encenações do grupo de leigos ligados aos Missionários Passionistas dão vida ao Tríduo Pascal em Santa Maria da Feira

Santa Maria da Feira, Aveiro, 23 mar 2016 (Ecclesia) – Há 25 anos que o grupo Gólgota, um conjunto de leigos ligados aos Missionários Passionistas, representa em Santa Maria da Feira (Distrito de Aveiro,  Diocese do Porto) os últimos passos da vida de Cristo.

Em entrevista à Agência ECCLESIA, o padre César Costa, coordenador deste projeto social, cultural e de evangelização, sublinha o objetivo de passar às pessoas um “evangelho palpável” e “feito realidade” através do empenho, da “garra” e do “rigor histórico” posto em cada representação.

“Quando for apenas teatro, estaremos até a desrespeitar o Evangelho”, frisa o sacerdote, que destaca ainda a preocupação de, em cada “quadro” cénico apresentado, “minimizar a barreira entre os atores e o público”.

Isto “porque no fundo, todos somos atores e todos somos ativos nestas recreações”, salienta.

O grupo Gólgota iniciou as suas atividades a 29 de março de 1991, com uma representação ao vivo da Via-Sacra, dos passos de Cristo rumo ao Calvário onde depois é crucificado e morto.

Para o padre César Costa, a vivência da Semana Santa, e a recriação dos últimos dias da vida de Jesus, é um convite às pessoas para “se abeirarem” de acontecimentos que podem parecer “horrendos aos olhos do mundo”, mas que à luz da fé têm um valor eminentemente “salvífico”.

Ao mesmo tempo, pode servir para a sociedade refletir sobre gestos e atitudes que “de outras formas, com outros nomes, continuam a acontecer nos dias de hoje”.

No seu programa para a Semana Santa, o grupo Gólgota já recriou no último Domingo de Ramos a “entrada triunfal de Jesus em Jerusalém”, na igreja Matriz dos Passionistas.

Esta quarta-feira, será a vez de apresentar uma encenação da “Última Ceia”, pelas 21h30, no exterior do Museu Convento dos Lóios.

Para Bruno Borges, que desempenha o papel do apóstolo João, “o discípulo amado” de Cristo, “é cada vez mais um privilégio, ano após ano, fazer esta representação”, algo que vive “com intensidade” por tudo aquilo que a experiência traz também para a sua vida.

“É importante que nós saibamos levar a cruz em cada dia, não fugir às dificuldades, são sempre grandes oportunidades para crescermos na fé”, aponta o ator.

Na Sexta-feira Santa acontece a recriação da Paixão de Cristo e da Via-Sacra, a partir das 21h30, num percurso entre a Alameda do Tribunal ao Castelo de Santa Maria da Feira.

Mário Pais, que recria o sumo-sacerdote Anás, considera que esta passagem ajuda a compreender a importância de hoje as pessoas respeitarem a fé e as convicções dos outros, numa sociedade marcada por fenómenos como o fundamentalismo religioso.

“Deus tem muitos nomes, temos de os aceitar. Apesar de haver uma opinião diferente, devemos compreender”, complementa.

Um dos quadros mais fortes destes dias é o da “Crucifixão” que, segundo Maria do Carmo Soares, “mais do que uma representação é uma vivência” e “uma lição de vida”, a partir do “sofrimento”.

Às vezes perdemo-nos em coisas tão pequenas, e zangamo-nos com tantas menoridades, que quando chegamos ali isso tudo deixa de ter importância, é uma prova de amor que nos ajuda a levar o nosso dia-a-dia”, conclui a leiga passionista, que desempenha o papel de Maria.

O grupo “Gólgota” tem o seu nome ligado ao calvário e à cruz “como trampolim para a vida” e na sua base a espiritualidade e o carisma de São Paulo da Cruz, fundador dos Missionários Passionistas.

HM/JCP

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