Coordenador do setor social na Igreja Católica afirma que os cidadãos devem preocupar-se com os «problemas da sua terra»
Lisboa, 22 mar 2019 (Ecclesia) – O presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana afirmou em entrevista à Agência ECCLESIA e à Renascença que “a transparência é o preço da credibilidade” das instituições de solidariedade e valorizou o peditório público da Cáritas.
“A Cáritas tem todo o interesse em fazer os esclarecimentos necessários e não pôr em causa a credibilidade de que goza em Portugal”, disse D. José Traquina, lembrando nomeadamente que a informação sobre as ajudas às vítimas dos incêndios de 2017 tem sido comunicada regularmente.
O bispo que coordena o setor social na Conferência Episcopal Portuguesa disse que a Cáritas Portuguesa segue as diretrizes da Cáritas Europeia e Internacional no que se refere à transparência e exemplificou com o relatório da Cáritas Diocesana de Coimbra a respeito da ajuda às vítimas dos incêndios de 2017 e o relatório que publicou, em fevereiro, “com tudo o que fez”.
“Quem quiser pode consultar e é transparente em relação àquilo que a Cáritas fez”, disse D. José Traquina a respeito da Cáritas diocesana que mais esteve envolvida na ajuda e na reconstrução após os incêndios.
O presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana (CEPSMH) valorizou o peditório público para a Cáritas Portuguesa, que se destina a projetos desenvolvidos nas Cáritas das várias dioceses e nas diferentes paroquias, que “estão no terreno”, e disse que cada cristão tem de se preocupar com os “problemas da sua terra”
“A nossa preocupação, neste momento, é que todos os cristãos tenham esta marca: não podem participar numa missa, ouvir o Evangelho e desinteressarem-se pelos problemas da sua terra ou da sua comunidade”, sustentou.
D. José Traquina referiu-se também ao apoio da Cáritas Portuguesa para projetos internacionais, nomeadamente ajudas que decorrem de catástrofes naturais como a que já foi enviada para Moçambique, logo após as primeiras cheias.
“A Cáritas Portuguesa avançou com um sinal de 25 mil euros dos seus fundos para responder de imediato e dar um sinal de boa vontade”, indicou o presidente da CEPSMH, acrescentando que vão ser lançadas outras iniciativas de ajuda a Moçambique.
“Aquilo que se fizer para Moçambique há de ter toda a transparência, sentido de cooperação com aqueles que necessitam”, afirmou.
D. José Traquina referiu-se também sustentabilidade de Instituições Particulares de Solidariedade Social, afirmando que é “é um problema gravíssimo em Portugal”.
“Nós temos muitas instituições com resultados negativos ao final do ano”, afirmou D. José Traquina, manifestando a necessidade de muitas IPSS se reconfigurarem e de serem expressão do envolvimento da comunidade.
“Não podem uns paroquianos ou uma comunidade ter ali um Centro Social Paroquial e concluir que aquilo ou é do padre ou daqueles que estão lá a mandar ou da Segurança Social. Não, aquilo é nosso, aquilo é da comunidade, aquilo tem de ser expressão da comunidade. E para ser expressão da comunidade, eles têm que ter participação, nomeadamente também com a ajuda”, sustentou.
O presidente da Comissão Episcopal de Pastoral Social garantiu que a Igreja Católica há de sempre interessar-se pela “causa humana” para ajudar quem precisa.
“Enquanto houver pessoas que precisem, nós queremos lá estar, os cristãos devem lá estar. Não nós os bispos: são os cristãos que devem lá estar”, afirmou.
Entre os dias 17 e 24 de março decorre a Semana Cáritas, este ano sobre o tema ‘Juntos numa só família humana’, realizando-se o peditório público nacional para a instituição nos dias 21 a 24.
Ângela Roque (Renascença), Paulo Rocha (Agência ECCLESIA)
PR