Saúde: Cuidados continuados devem dar mais atenção ao doente do que à doença, diz capelão hospitalar

«Relação entre a pessoa vulnerável e o cuidador» é «determinante» para o restabelecimento, refere o frei Hermínio Araújo

Lisboa, 11 fev 2012 (Ecclesia) – Os cuidados continuados na saúde exigem que a prioridade seja dada ao bem-estar físico e espiritual do paciente, remetendo para segundo plano a cura da doença, considera o capelão do Hospital do Mar, em Loures.

“Muito mais do que cuidados centrados na doença da pessoa, são cuidados centrados na pessoa da doença”, frisa frei Hermínio Araújo na edição do Semanário Agência ECCLESIA, dedicada ao Dia Mundial do Doente, que a Igreja Católica assinala hoje.

O religioso franciscano salienta também a relevância da “relação entre a pessoa vulnerável e o cuidador”, que é “determinante” para a evolução positiva dos cuidados continuados, cuja importância tem vindo a aumentar devido às doenças de “evolução prolongada” e à “complexidade de patologias como as de cariz crónico degenerativo”.

“Na maior parte dos casos, as pessoas chegam a situações de grande fragilidade pelas inúmeras perdas que vão ocorrendo”, observa o sacerdote, acrescentando que o “aumento da esperança média de vida está na origem de um número crescente de pessoas com necessidades cada vez maiores”.

O especialista considera que se impõe a criação de “condições que permitam obter ganhos em saúde e evitar o isolamento e a exclusão social”, preservando a dignidade do ser humano independentemente do seu estado de saúde.

“Mesmo que a vulnerabilidade física e mental se acentue progressivamente, a visão cristã da pessoa reconhece no espírito todo o potencial de equilíbrio dinâmico e de harmonia global”, assinala o assistente espiritual e religioso.

O sacerdote realça que a Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados, criada em 2006, “conta com muitas instituições da Igreja Católica e outras onde muitos católicos desenvolvem a sua missão”.

A “experiência dos principais agentes deste tipo de cuidados ainda não é muita” mas “estão a ser feitos grandes esforços por parte de todos”, observa o frei Hermínio Araújo, referindo que a qualidade dos serviços passa pela “formação” e por uma “gestão justa e solidária dos recursos escassos”.

Os cuidados continuados requerem uma abordagem múltipla e faseada por parte de “grande variedade de componentes”: “A sequencialidade constitui uma oportunidade privilegiada para uma abordagem global da pessoa, tendo em conta o corpo, a mente e o espírito”, explica.

O acompanhamento espiritual e religioso, por seu lado, reclama “a formação dos agentes, o trabalho em equipa interdisciplinar, uma organização ecuménica e inter-religiosa dos serviços” e “uma nova forma de presença da Igreja Católica”.

O Semanário Agência ECCLESIA dedica um dossier ao Dia Mundial do Doente, que a Igreja Católica lembra a 11 de fevereiro, data em que também evoca a aparição da Virgem Maria em Lourdes, França.

A mensagem do Papa para a ocasião intitula-se “Levanta-te e vai, a tua fé te salvou!”, expressão que de acordo com a Bíblia foi proferida por Jesus a um de 10 leprosos que tinha curado.

O texto de Bento XVI chama a atenção para os “sacramentos de cura”: Reconciliação, comummente denominada Penitência ou confissão, Unção dos Doentes e Eucaristia (comunhão).

RJM

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