São Martinho: Portugueses vendem castanhas em Paris para os magustos dos emigrantes

Frei Francisco Sales comenta solidariedade, partilha e convívio em torno de uma tradição que ultrapassa fronteiras

Lisboa, 11 nov 2015 (Ecclesia) –  O assistente espiritual da Obra Católica Portuguesa das Migrações (OCPM) disse à Agência ECCLESIA que encontrou em Paris portugueses a vender castanhas junto das comunidades na diáspora para assinalar o dia de São Martinho.

“É interessante que essas tradições não ficaram apenas em Portugal. Há poucos dias estive em França e fiquei impressionado por ver carrinhas carregadas de castanhas que vão diretamente de Portugal ser vendidas à porta das igrejas junto das comunidades portuguesas”, disse o frei Francisco Sales.

O frade franciscano acrescentou que ficou “impressionado” com os migrantes portugueses a preparem os magustos de São Martinho que se festejam hoje, mas, “tradicionalmente, começam no Dia de Todos os Santos”.

“Manifesta de facto a grandeza da dimensão da partilha, da fraternidade, e a importância que tem esta celebração do São Martinho”, analisa o assistente espiritual da OCPM.

Esta celebração festiva, associada ao magusto, “está ligada” a uma dimensão de “princípio de outono e fim de colheitas” e é propícia para as comunidades crentes “promovem momentos de encontro” onde os cristãos “criam laços e aproximam-se uns dos outros”, considera.

“Muitas das comunidades são enormes e as pessoas não se conhecem. É fundamental criar espaços de encontro porque a amizade e relação entre pessoas tem de partir por um olhar nos olhos”, explicou o sacerdote para quem “toda a celebração religiosa deve ter esta dimensão festiva e de partilha”.

Frei Francisco Sales observa que os séculos “vão apagando as memórias” e, se São Martinho foi passado “para um segundo plano”, é um “santo modelo” que pode ajudar a Igreja se aprender a usar” o que o povo foi criando, como a dimensão festiva, da partilha, para “transmitir a mensagem de Jesus de fraternidade, amor e paz”.

Para o frade da comunidade franciscana da igreja de Santo António de Lisboa, em São Martinho e na sua ação – cortou metade da capa para oferecer a um pobre – encontra-se o “expoente máximo da santidade, de uma paixão pelo anúncio da paixão de Jesus”.

São Martinho (316-397) nasceu no seio de uma família pagã na Panónia, atual Hungria, e foi orientado pelo pai para a carreira militar, mas ainda adolescente inscreveu-se entre os catecúmenos para se preparar para o Batismo.

Tendo-se despedido do serviço militar, foi a Poitiers, na França, para junto de santo Hilário, bispo que o ordenou diácono e padre.

Martinho escolheu a vida monástica e deu origem, com alguns discípulos, ao mais antigo mosteiro conhecido na Europa, em Ligugé.

Cerca de dez anos mais tarde, os cristãos de Tours aclamaram-no como seu bispo, cargo que o santo ocupou até à sua morte.

Em Portugal, é célebre a expressão «verão de São Martinho», aplicada a três dias de sol e calor no meio do outono, tidos como recompensa ao então soldado romano por ter repartido o seu agasalho com um pobre.

HM/CB/PR

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