Santuário de Cristo Rei: sinal da paz e lugar de reconciliação

Monumento continua a lembrar a Portugal e ao mundo que a paz não é apenas ausência de guerra

O bispo de Setúbal, D. Gilberto Reis, acredita que o Santuário Nacional de Cristo Rei, em Almada, continua a ter uma missão essencial na Igreja.

Recordando que em 1940 os bispos ligaram o monumento à permanência de Portugal fora da II Guerra Mundial, o prelado lembrou que “o Papa João XXIII deixou na sua carta «Pacem in terris» os grandes pilares da paz: justiça, verdade, liberdade e amor, que nasce de Deus e se traduz na entrega generosa aos outros”.

“Naturalmente que estes fundamentos têm que ser continuamente repostos e aprofundados porque, como sabemos, estão muito fragilizados”, afirmou o bispo de Setúbal à Agência ECCLESIA.

“Estando o Santuário ligado à paz, continua actualíssimo, porque ela continua a ser um desafio e uma grande urgência”, acrescentou.

Espaço de encontro

Para D. Gilberto Reis, o Santuário de Cristo Rei “tem visto crescer o número de pessoas que ali vão, e também tem procurado proporcionar condições para que, à sua sombra, as pessoas descubram a riqueza e o centro da sua fé, que é Cristo, o mistério da Igreja e o seu lugar no mundo, como cristãos”.

O bispo de Setúbal desafiou a diocese e a reitoria do Santuário a tornar aquele espaço “um lugar de encontro com Cristo, com a realidade profunda que somos, e um lugar de fermentação de um mundo novo”.

Para que estes objectivos se concretizem com maior intensidade, “há-de surgir uma casa de retiros e, porventura, um lugar de celebração mais amplo, bem como outras infra-estruturas”.

Antes da execução desses planos, é preciso liquidar os encargos financeiros. D. Gilberto Reis explicou que a dívida existente aquando da transferência da posse do Patriarcado de Lisboa para a Diocese de Setúbal “não é o que perturba mais”.

“Houve necessidade de fazer obras profundas, porque havia pequenos pedaços de cimento que se desprendiam do monumento e podiam matar uma pessoa. Esses trabalhos ficaram caríssimos, e é preciso pagá-los”, refere o bispo de Setúbal. “Tenho a esperança de que isso há-de acontecer”, acrescentou.

Busto do Cardeal Cerejeira evoca obra colectiva

Neste Domingo, dia em que a Igreja assinalou a solenidade de Cristo Rei, cerca de 300 pessoas reuniram-se no espaço do Santuário para assistir ao descerramento de um busto do Cardeal Manuel Gonçalves Cerejeira e participar na missa.

A escultura pretendeu “fazer memória das pessoas que desejaram a construção do monumento e daquelas que se tornaram os seus obreiros: os bispos de Portugal, os arquitectos e engenheiros, o grande animador da recolha de fundos – Pe. Sebastião Pinto – e ainda o Apostolado de Oração, que teve uma grande força neste dinamismo”, referiu o bispo de Setúbal.

“Conseguiu dar-se a ideia de que o monumento foi uma obra de conjunto que vinha de Deus, e onde o episcopado – e, portanto, toda a Igreja – esteve presente”, observou.

O prelado saudou o reitor do Santuário pela iniciativa e felicitou o artista, “porque me parece que foi feliz no busto, com o Cardeal Cerejeira numa atitude que lhe era muito característica de levantar os olhos ao céu e apontar rumos com a mão”.

“Se queremos construir uma obra de futuro, na Igreja e no mundo, temos que dar as mãos”, concluiu.

Inspiração no Corcovado

Foi ao contemplar a imponente imagem de Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, que nasceu no Cardeal Patriarca de Lisboa, D. Manuel Gonçalves Cerejeira, o desejo de construir uma obra semelhante diante de Lisboa. Estávamos em 1934.

Dois anos mais tarde, a ideia foi acolhida pelo Apostolado de Oração. Em 1937, o Patriarca recebeu a aprovação e o apoio de todos os bispos portugueses.

A 20 de Abril de 1940, em plena II Guerra Mundial, os prelados, reunidos em Fátima, fizeram um voto que conferiu um novo sentido à imagem: “Se Portugal fosse poupado da Guerra, erguer-se-ia sobre Lisboa um monumento ao Sagrado Coração de Jesus, sinal visível de como Deus, através do Amor, deseja conquistar para Si toda a humanidade”.

A construção, da autoria do Mestre Francisco Franco, iniciou-se a 18 de Dezembro de 1949, terminando cerca de uma década depois. A imagem de Nossa Senhora da Paz, que se encontra na capela, é do Mestre Leopoldo de Almeida. O projecto do monumento é do Arq.º António Lino e a execução foi entregue ao Eng.º D. Francisco de Mello e Castro.

A imagem a Cristo Rei foi inaugurada a 17 de Maio de 1959, Dia de Pentecostes, perante a imagem de Nossa Senhora de Fátima, com a participação de todo o episcopado português, os cardeais do Rio de Janeiro e de Lourenço Marques (Maputo), autoridades civis e 300 mil pessoas. O Papa João XXIII fez-se presente através de uma rádio-mensagem.

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Agência ECCLESIA

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