Santo Amaro «fecha» Natal na Madeira

A Igreja universal celebra Santo Amaro na próxima Terça-feira, dia 15 de Janeiro. A tradição popular na Madeira manda «varrer os armários» neste dia, nas paróquias onde Santo Amaro está popularizado, e noutras no Santo Antão, S. Vicente ou S. Sebastião, estendendo-se a alegria do Natal a estas festas populares do mês de Janeiro. A devoção ao Santo Amaro, talvez o santo mais popular deste mês, terá vindo nas caravelas dos descobridores e colonizadores da era de quinhentos. Dessa época datam os testemunhos, os padrões mais eloquentes dessa devoção, que são as capelas mandadas erguer em sua honra e as consequentes romarias a esses centros de devoção, algumas das quais mantidas até aos nossos dias, como é o caso concreto do Paul do Mar, Santa Cruz e Santo Amaro, nas cercanias do Funchal. Na diocese funchalense, pelo menos quatro capelas foram erguidas e dedicadas a Santo Amaro, o herdeiro espiritual de S. Bento. A mais antiga será certamente a Capela de Santo Amaro em Santo António, no Funchal, fundada em 1460 por Garcia Homem de Sousa, o fidalgo continental que veio para casar e com efeito casou com D. Catarina da Câmara, filha de Zarco. No Paul do Mar, em data desconhecida, mas provavelmente nos fins do século XV, João Anes de Couto Cardoso, um dos mais antigos povoadores que teve terras de sesmarias no Paul e Jardim do mar, mandou erguer uma capela dedicada a Santo Amaro, que depois serviu também de sede paroquial. Se tivermos em conta que o filho do fundador, Francisco de Couto Cardoso, que institui um morgadio nessa localidade, falece em Maio de 1542, e o seu pai está sepultado na capela, podemos concluir que a capela deve ter sido edificada nos mesmos primórdios da colonização, ou seja ainda no século XV. Junto à estrada que conduz à Lombada dos Esmeraldos, na Ponta do Sol, existe uma capela dedicada a Santo Amaro, que se afirma ter sido construída nos fins do século XV, por João Esmeraldo. Em Santa Cruz foi edificada pelo povo, em ano que se desconhece, uma capela dedicada a Santo Amaro. Tão só esta circunstância de ter sido edificada pelo povo, denota que a devoção ao Santo Amaro estaria já muito espalhada nesta zona leste da Madeira. Desconhece-se, porém, a data da fundação. Isso mesmo já disseram os Visitadores em 1538: «Achamos outra ermida, logo pegada à de S. José, com a invocação de Santo Amaro, a qual não se sabe quem a fundou nem quem deu autorização para a fundar». Estas quatro capelas são, portanto, testemunhos eloquentes da devoção ao Santo Amaro trazida pelos primeiros colonizadores da Madeira. Manuel da Gama

Partilhar:
plugins premium WordPress
Scroll to Top