Santiago de Compostela: «Durante o caminho vamos adquirindo aquilo que, às vezes, nos faz falta no dia-a-dia» – José Vaz Carreto

No Ano Jacobeu, juiz desembargador começou a fazer o caminho da Via da Prata, no nordeste transmontano

Foto: Agência ECCLESIA/CB

Vinhais, 04 jan 2022 (Ecclesia) – José Vaz Carreto, autor do livro ‘Santiago – A Caminho de Compostela’, disse que é preciso pensar no “depois”, quando se regressa.

“É um livro de uma peregrinação que foi feita ao longo de um ano e que teve a envolvência de muitas pessoas, que foram num crescendo, até chegarmos a Santiago”, explicou à Agência ECCLESIA.

José Vaz Carreto, juiz desembargador, escreveu o livro ‘Santiago – A Caminho de Compostela’, publicado em 2021, depois de ter realizado o Caminho Português Central, desde a Sé Catedral do Porto até à Praça do Obradoiro; agora, em Ano Santo, começou a fazer a Via da Prata.

Na capa do livro existe também o convite a descobrir ‘o segredo que é revelado aos peregrinos’, e, segundo o autor, esse segredo do caminho de Santiago de Compostela “é a vida”, mas “uma vida diferente”.

“Vamos para ali como peregrinos, como uma pessoa que percorre aquele caminho com um objetivo de chegar a Santiago e, como se dizia na Idade Média, ‘dar um abraço ao apóstolo’, que agora está fora de questão. Durante o caminho vamos adquirindo aquilo que, às vezes, nos faz falta no dia-a-dia, que é estar com as pessoas, senti-las, sentir a solidariedade, sentir inclusive a nossa própria solidão, ou seja, pensarmos em nós próprios e todos aqueles que nos rodeiam”, desenvolveu José Vaz Carreto.

Ao longo do caminho para Santiago de Compostela, o entrevistado encontrou-se e descobriu coisas sobre si, “alguns estão no livro”.

Neste contexto, o membro do Secretariado da Pastoral da Cultura e do Turismo da Diocese de Bragança-Miranda e dirigente no Corpo Nacional de Escutas aponta também para a importância do “depois”, quando o peregrino regressou a casa, um aspeto que tem pensado e também é posterior à publicação do livro.

“Esquecemo-nos de uma coisa muito importante: Andamos à procura de algo no caminho para quê? Para trazer. Esse desenvolvimento que o caminho nos vai dar é com o que ficamos depois, o que é que ele vai fazer na nossa vida futura, esta é que é a parte mais importante no caminho”, explicou.

José Vaz Carreto assinala que existem os valores do caminho – “a amizade, a solidariedade, a partilha” -, que o peregrino experiencia ao longo do percurso e, na medida que o toca, traz para o seu dia-a-dia e põe em prática, “às vezes, inconscientemente”, como ajudar uma pessoa, uma palavra amiga, “e, nessa medida, é importante, porque transforma com maior ou menor intensidade”.

O entrevistado recorda que a meio do caminho, quando estavam a deixar Portugal, sentiu “vontade de escrever” mas a ideia de publicar ‘Santiago – A Caminho de Compostela’, que tem a chancela da editora Farol, “surgiu no fim”, com o incentivo de quem também partilhou essa peregrinação.

Em Santiago de Compostela vive-se um Ano Jacobeu com o tema ‘Sai da tua terra! O Apóstolo espera por ti’; Começou a 31 de dezembro de 2020, com a abertura da Porta Santa da Catedral Compostelana, e o Papa Francisco autorizou a continuação do Jubileu até 2022, devido à situação provocada pela pandemia de Covid-19, que impede a realização de peregrinações.

“Já comecei um caminho um bocadinho mais pequeno, o Caminho da Via da Prata, pelo nordeste transmontano, do qual Vinhais faz parte. Este troço já está feito, não preocupo começar num dia e acabar passado três ou quatro, acho que o caminho também se pode fazer aos poucos, sem pressa”, adiantou o peregrino, no Albergue de Vinhais.

Para o José Vaz Carreto na mochila convém levar espaço para ir colocando o que se vai recolhendo no caminho, como “as boas experiências, os bons contactos, e a amizade que fica”.

CB/OC

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