Santarém: Homilia de D. José Traquina na Vigília Pascal

Foto: Diocese de Santarém

Irmãs e irmãos

Nesta noite santa da Vigília Pascal, alegremo-nos no Senhor Ressuscitado!

Depois do acolhimento da Luz do Círio Pascal e do canto do precónio, à Luz de Cristo Ressuscitado, fomos ouvindo as leituras que nos reportam passagens da história da Salvação. É uma história de Amor de Deus pelo seu povo. Começa na leitura do Livro do Génesis, com a criação da terra e de todos os seres, e vai até à ressurreição do Senhor no Evangelho de São Marcos.

A narrativa da criação, a história de Abraão e Isac, e a travessia do mar vermelho, tudo acontece por um Deus que ama, vai revelando-se, faz promessas e estabelece alianças com o seu povo eleito. Continuando no tempo, Deus não deixou de inspirar profetas para observarem e corrigirem o seu povo a ser fiel à aliança e às promessas.

Este caminho da Fé ao longo dos séculos, situa-nos na História e encontra na Ressurreição de Cristo um ponto alto como realização das promessas de Deus. Nesta noite da grande Vigília, retomamos esse passado sempre presente que é a Ressurreição de Cristo, é a Páscoa como passagem e como vitória, que se expressa e celebra como nova e eterna aliança.

Entretanto, o Evangelho que escutámos revela-nos a surpresa da ressurreição naquelas mulheres que foram de manhã cedo, com perfumes, ao sepulcro de Jesus. São surpreendidas porque veem um jovem vestido de branco que lhes mostra o sepulcro vazio e as informa que Jesus ressuscitou.

Na escuridão da tristeza da morte, surge a Luz da Ressurreição. “A ressurreição de Jesus é uma irrupção de luz. A morte fica superada, o sepulcro fica escancarado” (Bento XVI). A verdade, é que a partir da Ressurreição de Jesus, a luz de Deus estendeu-se por todo mundo. Não é possível contar a História da Humanidade sem falar da vida, da mensagem e do que foi testemunhado acerca de Jesus. É um testemunho que se atualiza no tempo porque Ele se faz presente no coração e na vida dos que n’Ele creem.

A Ressurreição de Jesus surge e afirma-se como Luz. Luz pela palavra que ilumina caminho da vida e indica o que é justo e bom, Luz que permite a sabedoria para responder generosamente à vontade de Deus. Luz para distinguir o bem do mal e fazer o caminho em liberdade e verdade. Enfim, os cristãos retomam a palavra de Jesus: “Eu vim ao mundo como luz, para que todo o que crê em mim não fique nas trevas” (Jo 12,46).

Irmãos e irmãs verificamos facilmente muitas situações deste mundo onde reinam as trevas. Nesta noite santa da vigília pascal alegremo-nos pelo dom da Fé e a permitamos que a Luz de Cristo nos habite interiormente e em plenitude. O Senhor morreu e ressuscitou por nós e para nós; para nos fazer participantes da sua luz, da sua vida e da sua missão. Podemos dizer com verdade e fé: nós somos, uns para os outros, sinal e testemunhas do Amor e da Ressurreição de Cristo.

A Igreja Diocesana de Santarém, a preparar-se para celebrar o seu Cinquentenário, é sinal de Cristo Vivo, Ressuscitado. Esta igreja catedral e igrejas paroquiais, em vigília pascal, enchem-se de Luz para celebrar a Ressurreição do Senhor mas também para que os cristãos assumam a sua vocação e missão, aceitando a palavra de Jesus: “Sois o sal da terra e a Luz do mundo” (Mt 5,13-16).

Na vigília pascal é bom lembrar como a Igreja primitiva considerava o Batismo como o sacramento da iluminação, de comunicação da Luz de Cristo. Mas não há batismo sem água e esse elemento natural, com a Bênção própria, significa a purificação e a vida de Deus que nos é comunicada. Pelo Batismo, dom da Páscoa, somos consagrados filhos de Deus, ficamos pertença de Deus e nesta noite da Vigília somos convidados a renovar esta pertença, esta consagração batismal, e

No final partiremos, mas o Evangelho desta Vigília tem uma indicação que interessa recordar: aquelas mulheres que viram o túmulo vazio recebem uma indicação: “Agora ide dizer aos discípulos e a Pedro que Ele vai adiante de vós para a Galileia. Lá o vereis” (Mc 16,7). Esta passagem não se pode perder. Jesus vai à nossa frente, sempre à nossa frente, no espaço e no tempo.

O Tempo Pascal que agora inauguramos é o tempo privilegiado para testemunhar a alegria da Ressurreição, a alegria de ser cristão e ser chamado a fazer da vida uma missão de bem, inspirada no Evangelho.

Para nos introduzir nos sinais que seguem, vale a pena lembrar o início da leitura de São Paulo aos Romanos (6,3-11): “Todos nós que fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na sua morte. Fomos sepultados com Ele pelo Batismo na sua morte, para que, assim como Cristo ressuscitou dos mortos pela glória do Pai, também nós vivamos uma vida nova”.

Continuemos agora promovendo os sinais da Fé, rogando a intercessão dos irmãos santos e santas que antes de nós viveram e testemunharam a alegria de Cristo Ressuscitado.

Sé de Santarém, 30-03-2024

D. José Traquina, bispo de Santarém

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