Santarém: Homilia de D. José Traquina na Missa Crismal

Quinta Feira Santa – Missa Crismal – Santarém, 28 de março de 2024

Foto: Diocese de Santarém

Senhor Bispo emérito, D. Manuel Pelino, caros Presbíteros, Diáconos, Irmãs de vida consagrada, seminaristas, acólitos, irmãos e imãs em Cristo.

A concluir o Tempo da Quaresma, motivados pelo dom da fé e em comunhão com toda a Igreja, aqui estamos nesta celebração da Missa Crismal. Celebração especialmente marcada pela renovação dos compromissos por parte dos Presbíteros, os sacerdotes ao serviço do Povo de Deus na nossa Diocese, e também pelos sinais da Bênção e Consagração dos santos Óleos, a serem levados para as igrejas paroquiais.

Conforme consta na rubrica litúrgica, “Esta Missa, que o bispo concelebra com o seu presbitério, deve manifestar a comunhão dos presbíteros com o seu bispo. Convém, por isso, que, na medida do possível, todos os presbíteros nela tomem parte e comunguem sob as duas espécies. Para melhor significar esta unidade do presbitério da diocese, os presbíteros que concelebrem devem ser das várias regiões da diocese”.

Estamos, portanto, numa celebração com especiais referências e significado que ajudam a valorizar a vocação presbiteral e a nossa identidade e missão como Igreja Diocesana. A Leitura do Profeta Isaías, tomada pelo Evangelho e com o comentário de Jesus, ajuda-nos a retomar aquele momento em que sobre as nossas cabeças foram impostas as mãos e invocado o Espírito Santo na oração da Ordenação sacerdotal. Retomemos a memória desse momento como ponto de chegada e de partida por força de um chamamento vocacional que foi amadurecendo até chegarmos ao dia de hoje. O nosso ministério só se entende no mesmo Espírito que estava sobre Jesus.

No exercício do ministério, muitos gostariam que o seu percurso acontecesse sem crises, sem dissabores ou então que as nossas paróquias fossem comunidades perfeitas. A vida ensina-nos que não é assim, e é certamente por isso que Deus nos chamou e consagrou: há sempre muito a fazer, a rezar, a acompanhar, a sonhar e a promover. É bom, então, que estejamos dispostos a ajudarmo-nos mutuamente na missão que nos é confiada, também a apoiarmo-nos fraternalmente quando as coisas não correm bem e dispostos a fazer as correções necessárias de modo a servirmos a Cristo, servindo a sua Igreja, de modo a fazer crescer a comunhão e a alegria entre os cristãos e possamos ser para o mundo um testemunho credível.

A correção fraterna é a solução apontada pelo Evangelho para as situações em que não se procedeu corretamente. A sua prática entre nós clérigos, dá-nos autoridade para a pedir aos cristãos leigos. Pedir o perdão de Deus no início de cada eucaristia não pode ser o cumprimento de uma rubrica, deve corresponder a ao desejo de ser perdoado e disposto a corrigir-se. Estamos no ‘ano do perdão’; peço-vos caros padres: promovamos o perdão e a correção fraterna. Não somos perfeitos, mas devemos caminhar para a perfeição e o mundo necessita de pessoas que utilizem a ‘arma’ do perdão.

Deste modo, celebraremos a Eucaristia com a paz e a reconciliação que o Senhor aconselha no Evangelho quando nos aproximamos do altar. Este ano acontecerá em Braga, de 31 de maio a 2 de junho, o V Congresso Eucarístico Nacional. É uma iniciativa que envolve todas as dioceses na preparação e no acompanhamento da sua realização. Entre nós, o envolvimento já está a acontecer com a promoção da oração no Sagrado Lausperene, em dias seguidos numa das paróquias da Diocese. A informação que tenho, é de bom acolhimento da iniciativa e com bom fruto em alegria espiritual.

Entretanto, será bom que se promova formação cristã de adultos nas comunidades acerca da Eucaristia e da forma correta de participação. O tempo pascal é bom para aprender e valorizar o sacramento da Eucaristia, saber como participar bem e como receber corretamente a sagrada comunhão. Além disso e muito mais, é necessário ensinar os cristãos que nunca se deve fazer perguntas incómodas a um padre quando está a preparar-se para presidir à Eucaristia. Perguntas, só o respeitante à celebração, tudo o mais pode ser falado depois. Um padre tem de estar sereno e em paz para presidir à eucaristia com a melhor concentração e, portanto, sem perturbações.

Caros padres, esta é a Páscoa que celebramos depois da Jornada Mundial da Juventude 2023 que envolveu tantos jovens e adultos da nossa Diocese. Peço que vos interesseis em ajudar os jovens a assumir a sua identidade cristã, a edificarem as suas vidas à luz da fé e a continuarem a dar o seu testemunho como fizeram em junho, julho e agosto do ano passado. O futuro das nossas comunidades cristãs e da sociedade humana na nossa área do Ribatejo também depende da qualidade humana e do testemunho dos jovens cristãos da atualidade. As últimas experiências dos diversos grupos da Missão País, foi a demonstração de como os jovens são capazes de bons testemunhos na Igreja e na sociedade. Sei que há jovens animados nos Agrupamentos de Escuteiros, nas Equipas de Jovens de Nossa Senhora e nos Convívios Fraternos. Estou grato pelo testemunho, mas é necessário um empenho mais reforçado nas comunidades paroquiais a pensar no futuro do mundo.

Como é do conhecimento de todos está a decorrer a consulta às Dioceses respeitantes à última fase do Sínodo sobre a sinodalidade na Igreja que terá a última sessão em Roma, no mês de outubro deste ano. Embora a participação na nossa diocese não tenha sido tão alargada quanto possível, a verdade é que, a partir das participações que chegaram foi elaborado um texto que vale a pena ser conhecido e refletido nas nossas comunidades e movimentos.

Este ano, a 16 de julho, daremos início às celebrações relativas ao Cinquentenário da nossa Diocese. A proposta de programação está em aperfeiçoamento e é desejo da comissão coordenadora que todas as comunidades da Diocese sejam abrangidas, pelo menos em algumas das iniciativas do programa do Cinquentenário. Portanto, o próximo ano pastoral estaremos em celebrações do Cinquentenário da Diocese até ao dia 4 de outubro de 2025, exatamente o dia em que foi Ordenado o primeiro Bispo da Diocese, D. António Francisco Marques, assumindo a missão para que fora nomeado. O Cinquentenário, em grande parte, acontecerá em simultâneo com o Jubileu para toda a Igreja com o Ano Santo de 2025. Para tudo isto, caros padres, peço a vossa oração e toda a boa vontade; o povo de Deus da Diocese necessita do entusiasmo dos seus pastores. Que o Cinquentenário e o Jubileu seja um tempo de graça para a nossa Diocese, exatamente para agradecer e reforçar a qualidade da vida cristã, a vocação e a missão de todos.

Vamos agora continuar com a renovação das promessas sacerdotais e o rito da Bênção dos Óleos e Consagração do Crisma. Pertencemos a Cristo e usaremos os seus sinais para a Bênção e consagração de muitos irmãos. Agindo convictamente, seremos mediadores do bem que Deus quer realizar na vida de muitas pessoas. Nossa Senhora nos acompanha como Mãe e intercederá por todos.

D. José Traquina

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