Santarém: Bispo desafia cristãos a fazerem da misericórdia «um estilo de vida»

Carta pastoral para o novo ano recorda que «o cristianismo é sobretudo uma prática e não tanto uma doutrina»

Santarém, 03 ago 2015 (Ecclesia) – A mensagem do bispo de Santarém para o ano pastoral 2015-2016 denuncia a “ausência e o esquecimento da misericórdia” que marca a sociedade atual e também a Igreja Católica, e desafia os cristãos a fazerem deste valor um “estilo de vida”.

Numa carta intitulada “Caminhos de Misericórdia: Seguindo O Bom Pastor”, publicada no site diocesano, D. Manuel Pelino considera que são “muitos” os “sinais preocupantes” desta falta de misericórdia no quotidiano.

Desde a “indiferença perante o outro” ao “alheamento dos sofrimentos e problemas das pessoas”, passando pela “agressividade e violência” que vão marcando os dias.

“Encontramos, com frequência diversas expressões de intolerância e de agressividade: na vida política; na família; na escola; nas relações sociais; nos próprios membros da Igreja que se deixam tentar pelos pecados paroquiais ou eclesiásticos”, aponta o prelado.

A própria “consciência de pecado é pouca viva em muitos dos nossos cristãos”, acrescenta o responsável católico.

Perante esta conjuntura, o bispo de Santarém diz que “a Igreja deve considerar como um dos seus principais deveres, proclamar e introduzir na vida o mistério da misericórdia, revelado no mais alto grau em Jesus Cristo”.

Nesse sentido, D. Manuel Pelino classifica o Ano Jubilar da Misericórdia, que o Papa Francisco convocou para o período entre 8 de dezembro deste ano e 20 de novembro de 2016, como um presente às comunidades e um convite à “renovação da Igreja”, que ainda está por concretizar depois do Concílio Vaticano II (1962-1965)

“É significativo que o Jubileu da misericórdia tenha início a 8 de Dezembro de 2015, no cinquentenário do encerramento do Concílio Vaticano II”, realça o prelado, para quem a Igreja ainda tem “um longo caminho a percorrer no “diálogo com a sociedade e na colaboração com a justiça e a paz”.

D. Manuel Pelino convida cada comunidade a “redescobrir as obras de misericórdia”, quer “corporais” quer “espirituais” e a fazer delas “um estilo de vida”.

“O cristianismo é sobretudo uma prática e não tanto uma doutrina”, frisa o bispo, que pede às pessoas para que deixem que a misericórdia “ilumine a sua mente e o seu coração”, as levem a “abrir as mãos” aos outros e a serem “generosas” na partilha dos bens, “vencendo a tentação” do individualismo.

A carta pastoral destaca ainda a importância de contrariar o isolamento e a falta de proximidade que carateriza hoje a vida de tantas famílias.

“Vemos tantos adolescentes em solidão; jovens sem objetivos; casais jovens que não se entendem nem têm tempo para os filhos mas encontram-no para as redes sociais; famílias sem comunhão e desencontradas. Tanta gente que necessita de quem os acompanhe, de quem se faça próximo, escute, descubra o problema e dê uma palavra amiga para discernir e fazer caminho. São as obras de misericórdia espirituais hoje tão necessárias”, alerta D. Manuel Pelino.

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